sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Fim do voto secreto no Senado e na Câmara

Finalmente parece que o projeto para acabar com o voto secreto nas seções da Câmara dos Deputados e no Senado está saindo da estaca zero. Depois de tantos episódios lamentáveis de absolvições absurdas, com direito até à Dança da Pizza, esse obstáculo no Legislativo está prestes a sumir. Agrada a uns, mas não a outros, que sentem-se e de fato são protegidos ao acobertarem suas calúnias e sairem impunes. Mas a verdade é que todos nos sentimos enganados e incapazes de influenciar nas decisões daqueles que ajudam a esconder os corruptos.
Agora, há esperança de que tudo, ou pelo menos boa parte, estará aos olhos da população. É o mínimo de respeito que se pode ter com aqueles que elegeram seus representantes e muito pouco recebem deles.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Casa da luz vermelha...

Dia de escrever no blog...

Não muito inspirado para escrever, fui procurar por notícias novas na Internet para cumprir minha missão mas, pra variar, não achei nada de novo. Não que o acidente dos trens de ontem não seja importante, mas o que me chamou a atenção é que, ao entrar nos principais sites de notícias do país, a maior parte das manchetes ainda é sobre corrupção, mensalão, cpi's e afins.

Como estamos chegando na semana de nossa pátria querida, queria propor uma homenagem aos que tanto trabalham por ela...

Sei lá... podemos relembrar essas maravilhosas histórias que só acontecem por aqui:

- Depois de dois anos de muita sujeira sendo feita na cara de todo mundo (antes faziam escondido), um julgamento decide que, agora sim, vão abrir ação penal contra 40 acusados do mensalão;
- O avião da GOL cai na floresta, passa-se uma semana falando sobre o assunto, estoura a crise aérea brasileira, e as últimas páginas dedicadas ao assunto são sobre parentes reclamando de bens roubados das vítimas.

Fazer desabafos:



Ou, como no Brasil tudo acaba em piada, podemos divulgar notícias e artigos que tanto falam do nosso país, como os da Desciclopédia:

Brasil
Mensalão
Brasileiro

O importante é perguntarmos sempre... o avião da TAM bateu, culparam Congonhas, prenderam o Maroni, fecharam o Bahamas e o Millenium. E se o Planalto fosse aqui?


Rodrigo Simões

domingo, 26 de agosto de 2007

Politicamente Incorreto

Baseado no comentário de 21 de agosto de 2007 da minha cara colega Amanda, venho por meio desta colocar em pauta um assunto não muito discutido, afinal, depois de alguns meses fica difícil ser tão criativo.

Dia 17 de agosto de 2007 estreou nos cinemas brasileiros o filme estadounidense “Os Simpsons”, um desenho que conta a rotina de uma família típica norte-america de uma maneira cômica.

Um dia antes, estreou também o nacional “O mundo global visto do lado de cá”, um documentário excepcional, segundo meus colegas, que nas palavras de Amanda “revela a globalização a partir da visão de um dos grandes pensadores do Brasil”, Milton Santos.

Provavelmente (e quase com certeza) esses filmes terão bilheterias bem diferentes, mas por que?

Será o brasileiro tão relaxado que prefere assistir ao besteirol americano a um documentário nacional? Ou será que estamos tão cansados e desiludidos com tudo, que gastamos nosso último centavo num momento de diversão no fim-de-semana?

Eu, particularmente, não assisti ao documentário, mas tenho certeza que deve ser ótimo. Gastei meu dinheiro e tempo para assistir ao besteirol, pois é o único dia da semana que tenho para descansar. Talvez eu seja preguiçoso, relaxado ou talvez só tranquilo, mas não me sinto menos engajado politicamente por priorizar a “inutilidade” dos “Simpsons”.

Num mundo onde todos se divertem e tem seus momentos de alienação, é difícil descobrir o momento certo e o errado da diversão e da preocupação. Cada um tem a sua hora de fazer e de lazer.

Rubens Nogueira

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Consulta direta ao povo: plebiscito e referendo















Bom, mais uma apresentação nessa última quinta-feira, leia-se: mais estresse, mais correria, mais apreensão e mais conhecimento, muito mais, como não? O tema escolhido surgiu de uma conversa durante a aula do professor Dimas há algumas semanas, mas a correria foi grande, pois só conseguimos nos organizar na última hora...

Enfim, mesmo tendo cometido alguns equívocos, nós conseguimos passar por mais esse desafio com grande estilo! O tema abordado - consulta popular, plebiscitos e referendos - foi bastante relevante e através da exposição de alguns casos, pudemos mostrar a força que a consulta e a participação popular podem e devem ter. Muito se falou durante a apresentação, foram abordados assuntos envolvendo democracia direta, consultas populares no Brasil e no mundo e as que envolveram mobilizações da sociedade, além das definições e diferenças que existem entre plebiscitos e referendos.

A apresentação foi iniciada com a explicação do assunto: a consulta popular e a origem da idéia, que foi o plebiscito organizado por movimentos sociais e logo após passamos o vídeo que convoca a população a participar da mobilização pela anulação do leilão da Vale na semana da pátria. Talvez esse tenha sido o caso mais importante da apresentação, pois pudemos informar aos colegas o que aconteceu realmente durante a venda da Companhia Vale do Rio Doce e a luta que está sendo travada para reverter a validade da compra.

Para quem não pôde assistir vai aí uma pequena sinopse do que dissemos sobre a Vale: a companhia Vale do Rio Doce, produtora de minérios e dona de outros bens como estradas de ferro, pertencia ao Estado brasileiro até 1997, quando o então presidente FHC efetuou seu leilão. A venda foi bastante controversa e gerou revolta social, isso porque, entre outros motivos, o valor pelo qual a Vale foi vendida era cerca de 28 vezes menos o que calculava-se ser o seu preço real. Outro escândalo de corrupção envolveu uma ação ilegal do Banco Bradesco, que fez parte do grupo de empresas avaliador do patrimônio da companhia para depois se tornar o principal acionista privado da Vale.

Bom, a partir de fraudes tão evidentes a luta pela anulação do leilão é mais do que necessária e deve continuar mesmo após 10 anos desde a venda. A causa pode até parecer estar perdida, mas não está, a mobilização social através de um plebiscito será uma forma de pressão direta ao governo para que tome medidas a respeito.

Nós temos o direito de reinvidicar pelo o que é nosso, desde que nos organizemos. Fica aí o convite para que todos participem do plebiscito; as informações completas sobre a campanha podem ser lidas em www.avaleenossa.org.br, o site é bastante completo e traz muito mais do que escrevi aqui.

Não deixem de conferir:

http://www.avaleenossa.org.br/

Vídeos (as três partes de um vídeo produzido sobre o tema, que estão tanto no youtube como no site a valeenossa.org.br)


"Chamada para o plebiscito popular 2007" (passado em sala de aula)
http://br.youtube.com/watch?v=UfRpQUTLNYs



Parabéns ao grupo e que tenhamos um desempenho ainda melhor no próximo e último seminário!


Daniella Cornachione

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Milton Santos: o pensador do Brasil

Estreou no dia 16 deste mês o documentário “O mundo global visto do lado de cá” que revela a globalização a partir da visão de um dos grandes pensadores do Brasil, que infelizmente, ainda não é reconhecido como deveria. Milton Santos nasceu no dia 03 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, Bahia. Formado em direito, encontrou sua verdadeira vocação e paixão pela geografia. Estudou e deu aulas em diversos países e publicou mais de quarenta livros. Árduo combatente das idéias neoliberais e sua conseqüente e lastimável má distribuição das riquezas do mundo, Milton Santos faleceu em junho de 2001 aos 75 anos.

O documentário que foi muito bem construído por Silvio Tendler foi premiado em Brasília e esta em cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Ao assistir tal documentário a noção de que o mundo é dominado por idéias sujas e egoístas fica cada vez mais evidente e constrangedora. Dominado no sentido de que essas idéias estão na mente dos minoritários dominadores tornando-se ainda mais triste essa realidade, quase inaceitável. Nunca o mundo esteve tão preparado tecnologicamente para matar a fome de toda a sua população, porém o ideal de vida de alguns usurpa o ideal de sobrevivência de outros. E é dessa forma que essa globalização assola o mundo, os pobres agora morrem de fome e os ricos jogam no lixo tudo o que não agüentam comer. Existe governo que até dá prêmios para os produtores que produzirem menos quantidade de alimentos.

O mundo esta dividido em hemisférios, norte e sul tornaram-se referências de quem é desenvolvido e de quem não se desenvolve , do forte e do fraco, do explorador e do explorado. A cabeça do mundo parece não pensar por todos.
Diante dessa situação Milton Santos acredita que o mundo ainda pode ser melhor, vista de um outro modo a globalização serviria justamente para reverter essa situação de concentração injusta e que proporciona a cruel divisão de classes. Filme imperdível e que com certeza causará maior impacto em nossas vidas do que o também lançamento “Simpsons”.

Acredito que seguindo o exemplo do mestre Milton Santos o Brasil também pode reagir aos descasos dos poderosos. Olhar o mundo de forma diferente, olhar as pessoas de forma diferente, não colocar á margem o que não é habitual. Apoiar e lutar por quem não vive como nós, essa é a dificuldade pois como diz Milton Santos “ A classe média não quer direitos, quer privilégios”.

Por: Amanda Fincatti

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Revolução de Chávez

Estamos de volta.
E como fui a escolhida para começar, aí está o tema que gostaria de discutir: a reforma constitucional proposta por Chávez.

No último dia 15, o presidente da Venezuela apresentou suas idéias de reforma constitucional. Segundo ele " ou mudamos a estrutura ou se detém o processo revolucionário."
Pois bem, a reforma inclui mudanças em 33 dos 350 artigos da atual Constituição venezuelana.

Mais especificamente, gostaria de destacar a mudança que permite a reeleição contínua sem limites apenas para presidente da República.

Na minha opinião, isso é uma manobra (clara) para continuar no poder. Há quem diga que é o príncipio de uma ditadura que ele quer implantar...

Qual seria outra justificativa se não esta?

Abro espaço para discussão, para aqueles que têm a mesma opinião e os que divergem também :) )

Comentem, e obrigada desde já.

Fernanda Abrão

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Para quem não viu...ou quer ver de novo!

Há duas semanas o grupo Foco Filosofia apresentou um belíssimo seminário sobre o livro A Utopia de Thomas Morus. Já comentamos a repercussão da apresentação, mas não poderíamos deixar de tornar públicos os vídeos.

Foco Filosofia orgulhosamente apresenta:


1) Utopia, a ilha




2) Depoimentos dos alunos da Cásper Líbero




Aquele Abraço e Boas Férias a todos
Natalia Guaratto

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Darfur e o mundo após Ruanda

Em 1994, quase 1 milhão de pessoas foram assassinadas em pouco menos de 4 meses, no genocídio de Ruanda, na África. A mídia só começou a dar notícias quando não havia mais massacre, mostrando os campos de refugiados em países vizinhos. A comunidade internacional assistiu impassível e está fazendo mea culpa até hoje. Na ocasião, a ONU foi acusada de negligência ao mandar forças de paz em contingente limitado, e muitos afirmam que ela só estava lá para salvar os estrangeiros não-africanos.
Pouco menos de uma década depois, estourou um conflito em Darfur, região do Sudão, também na África. Rebeldes começaram a atacar prédios governamentais e o governo iniciou dura retaliação, financiando uma milícia árabe que passou a aterrorizar os moradores da região. Este conflito já dura quatro anos e o número estimado de mortes supera os 400 mil. Cerca de 3,5 milhões de pessoas deixaram a região, vivendo em campos de refugiados. O mundo não fecha os olhos desta vez, mas também não faz muito para ajudar.

A mídia fala todos os dias sobre o número de mortos no Iraque, desde a sua invasão em 2003, e sobre as mortes no Oriente Médio em geral (Síria, Israel/Palestina, Líbano). Sobre Darfur, temos sorte se algo for publicado de 15 em 15 dias.

Intervenções
Os Estados Unidos não pretendem se envolver diretamente na África depois da situação na Somália em 1993, e se contentam apenas em cortar relações com o governo sudanês. O mesmo governo sudanês rejeita qualquer ajuda externa e diz que irá resolver a situação sozinho. A China tem sido cobrada a intervir, mas ainda não o fez porque é a principal importadora do petróleo sudanês e tem medo do governo de Cartum cortar esta relação.
Na última segunda-feira, o recém eleito presidente da França Nicolas Sarkozy chefiou uma Conferência Internacional em Paris sobre Darfur, com a presença da Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e de representantes da Liga Árabe. Foi discutido o envio de tropas de paz da ONU.

O Sudão não foi convidado para a conferência e a União Africana recusou-se a participar, alegando que essa conferência quer apenas “chamar atenção”. Será que Sarkozy quer apenas parecer solidário e interessado para ganhar pontos com sua população e a comunidade internacional, ou realmente alguém fará algo logo?
Enquanto todos discutem o que fazer, temos um genocídio em curso.

Paulo Gomes

terça-feira, 26 de junho de 2007

Hay que ser utópico, pero sin perder la ternura jámas!" Haha

Em homenagem ao seminário que fizemos no dia 21/06, eu deixo:

"... somente aqueles que vêem o invisível podem realizar o impossível..." (Bernard Lown, Prêmio Nobel da Paz de 1985)

Uma das afirmações filosóficas de Einstein se revela, hoje, de fundamental importância: em épocas complexas, como a que tivemos nestes tempos modernos, a imaginação é mais importante que o conhecimento.

Bom, proponho que cada integrante do grupo escreva, em poucas linhas, quais foram suas impressões e as apreensões obtidas e vividas na apresentação.

Apenas me desculpem pelo trocadilho péssimo e mal feito do título! Haha

Daniella Cornachione

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Algumas impressões do flashmob

Mesmo não tendo dormido muito essa noite, não aguentei e fui conferir o flashmob marcado para ocorrer na Paulista com a Brigadeiro. Confesso que fiquei admirada - de uma maneira muito positiva - porque havia mais de 30 estudantes, todos esperando na calçada a chegada do meio-dia. Como eu estava sozinha, procurei algo para me distrair enquanto a hora não chegava. Como boa aspirante a jornalista me enfiei na banca que fica em frente ao semáforo. Depois de um tempo resolvi comprar uma revista, até para que o vendedor não me julgasse mal por ficar só olhando, foi quando ouvi dezenas de buzinas, aí não tive dúvidas: pedi licença dizendo que ia tirar uma foto e disse que voltaria! O vendedor confirmou a imagem de estranha e psicopata que ele já havia feito de mim, com certeza. Enfim, os alunos estenderam uma faixa extensa com os dizeres "DECRETOS INCONSTITUCIONAIS" e pararam o trânsito por alguns segundos. Isso aconteceu ainda mais vezes, mas não fiquei para ver quantas. Fiquei espantada pela falta de cobertura da mídia, vi apenas uma pessoa filmando e outra questionando os manifestantes.

Daniella Cornachione

terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma nova forma de mobilização

Já estamos acompanhando há um bom tempo a insatisfação provocada nos estudantes com relação aos decretos impostos no governo de José Serra. As manifestações de quem não está contente com a nova forma de organização que os decretos impõem às universidades não param. Desta vez haverá um novo ato e ao contrário do que se pensa não se trata de uma passeata ou de uma ocupação. Haverá na quinta-feira (21) algo chamado FLASHMOB, uma mobilização relâmpago que foi idealizada numa assembléia realizada no instituto de arquitetura da Unicamp. Segundo as palavras dos próprios organizadores, conforme o e-mail que está circulando no meio acadêmico:

"A idéia que surgiu na Assembléia da Arquitetura de terça foi a criação de um FLASHMOB, que é uma mobilização relâmpago, de duração de 5 minutos, que consistiria no fechamento das 5 principais avenidas da cidade do seu campus. No caso dos estudantes da Unicamp, por exemplo, rola em Campinas. Serão feitas 5 faixas, uma pra cada avenida, com um frase em cada uma, explicitando nossa insatisfação com os Decretos. Ao parar, uma galera sai panfletando nos carros um material simples e de fácil compreensão. A idéia é que a manifestação seja pacífica e silenciosa mesmo, e que tenha bastante presença da mídia, pra que fique bem claro que as três universidades estão, além de insatisfeitas, unidas!"

Na cidade de São Paulo a mobilização tambem ocorrerá. Através do site seguinte é possível obter todas as informações: http://www.contraosdecretos.cjb.net/

Mais uma vez os estudantes estão se organizando em busca de reconhecimento e participação política. Este tem sido um ano bastante conturbado na vida das universidades públicas, o que se espera é que ao menos tantos esforços tragam alguns resultados.

Mesmo não fazendo parte do ensino público fica a recomendação a todos de nós que tenhamos vontade de participar ou então a quem pretenda cobrir o fato. E com relação às greves e à ocupação parece que estão chegando ao fim. Espero que estejamos vendo a formação de uma nova juventude, muito mais politizada e menos alienada. O que ainda não é tão evidente, pois há muito caminho para ser percorrido.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto é fácil. Procure em sites de busca por "contra os decretos do Serra" ou similares. Existem inúmeros blogs e páginas que publicam e explicam as razões pelas quais os estudantes se posicionam contra os decretos. Assim como há tantos outros que defendem as ações do governador. No Estadão do último domingo (17) há algumas matérias sobre a ocupação na USP, como já era previsto, o conteúdo toma partido contra as atitudes tanto dos estudantes da Universidade de São Paulo como também de outros movimentos estudantis que existem atualmente.

Há também um vídeo feito por alunos da UNESP que procura explicar a situação e a posição dos estudantes contra os decretos:
http://video.google.com/videoplay?docid=2766804175625447712

Prometo ser as últimas linhas! Haha, mas este poema, apesar de simples, diz bastante:

"PRIMEIRO LEVARAM OS NEGROS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU NÃO ERA NEGRO
EM SEGUIDA LEVARAM ALGUNS OPERÁRIOS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU TAMBÉM NÃO ERA OPERÁRIO
DEPOIS PRENDERAM UNS MISERÁVEIS
MAS NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
PORQUE EU NÃO SOU MISERÁVEL
DEPOIS AGARRARAM UNS DESEMPREGADOS
MAS COMO EU TENHO EMPREGO
TAMBÉM NÃO ME IMPORTEI
AGORA ESTÃO ME LEVANDO, MAS JÁ É TARDE
COMO NÃO ME IMPORTEI COM NINGUÉM
NINGUÉM SE IMPORTA COMIGO"

Bertold Breetch


Daniella Cornachione

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cotas!!!!

Como é sempre bom um assunto polêmico, aí vai...
O assunto: Cotas para negros nas universidades públicas.
A pergunta: Até que ponto isso é justo? É Justiça social ou mais uma demonstração de racismo e segregação?
Há quem argumente a favor, falando que a classe social mais baixa contém maioria negra e, portanto, as cotas iriam dar maior oportunidade as classes menos favorecidas.
Mas então, a questão não seria "cotas para negros" e sim, "cotas para pobres".
A meu ver, as cotas para negros cometem o mesmo erro do passado. É, de certa forma, uma manifestação de racismo, só que com as posições invertidas. Agora, favorecem os negros e excluem os brancos que também precisam dessa oportunidade.
Já vi gente falando que os brancos devem isso aos negros.
Não acho coerente falar que pessoas, desta geração, devam pagar pelos erros de outras, de gerações passadas.
Acho coerente falar que o repeito tem que ser mútuo, seja qual foi a raça, etnia, crença................
Enfim, cotas para gente que precisa, eu acho certo.
Cotas para uma raça? Não.
Aguardo comentários, opiniões.....
Fernanda Abrão

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Greve de metroviários gera lentidão recorde do ano

Às 9h desta manhã a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou recorde de lentidão na capital, foram 172 km de congestionamento. O índice superou e muito a média para o horário que é de 84 km.

A realização da greve foi decidida na noite de ontem (13) pelo Sindicato dos Metroviários e a principal reinvidicação é por melhores salários. Não é preciso dizer o quanto uma greve como essa afeta o cotidiano paulistano. Muitas escolas e faculdades suspenderam as aulas pela manhã, inclusive a nossa Cásper Líbero. E novamente paramos pra pensar até que ponto a paralisação é válida, na medida em que os prejuízos ficam para os cidadãos, cerca de 3 milhões, que também trabalham e querem uma vida mais confortável. O dia-a-dia de um metroviário não é fácil, são 6 ou 8 horas de trabalho cansativo e repleto de riscos.

Dessa forma, cabe ao governo do estado e à empresa estudar as propostas do sindicato e colaborar para que a cidade volte a sua normalidade. Está marcada uma reunião para esta manhã, a previsão é de que o metrô volte a funcionar a partir das 11h após uma conversa entre sindicato e governo estadual. Espero que vocês tragam mais informações e comentarei aqui quando houver alguma mudança na situação.

Mais informações estão http://www.metroviarios-sp.org.br/, que é aliás um ótimo e colorido site.

Daniella Cornachione

terça-feira, 12 de junho de 2007

Só para descontrair


Nas últimas aulas de Teoria da Comunicação vimos o texto "A mensagem fotográfica" de Roland Barthes. Nele o autor fala da relação imagem e texto e dos processos de modificação de uma fotografia, seja por tecnologia ou simplesmente por colocação de legenda e acompanhamento de texto.
Nesse sentido, já que até hoje esse blog só publicou textos, resolvi inovar um pouco e postar uma imagem descontráida.
Tenho esperança de que o blog não caia novamente na monotomia e no esquecimento, portanto já que temos muitos outros trabalhos para pensar essa semana, não vou propor nenhuma discussão sobre ética no fotojornalismo ou qualquer coisa do tipo. Proponho apenas uma enquete:

Qual a legenda vocês colocariam na imagem acima?

Quem postar a legenda mais criativa ganha um final de semana com o Sérgio Malandro!

Natalia Guaratto


segunda-feira, 4 de junho de 2007

A polêmica do aborto

Quinta feira passada (31/05), o Grupo Sardinha em Lata nos apresentou um mini seminário questionando o aborto. Levando em consideração a apresentação, gostaria de comentar a entrevista da Diretora para o hemisfério ocidental da Federação de Planejamento Familiar Carmem Barroso, autora do relatório “Morte e Negação: Abortamento Inseguro e Pobreza”, para o Jornal Folha de São Paulo, na qual defende uma estratégia ousada para reduzir a mortalidade materna decorrente dos abortos malfeitos.

Carmem considera mais sensato oferecer informações para as mulheres que querem abortar, como a possibilidade de levar a gravidez até o fim e entregar o filho para adoção, sobre os riscos do aborto e, até, como tomar o Citotec, droga utilizada para a interrupção da gestação (A entidade BemFam pretende começar o programa de redução de danos nos hospitais de Campinas, o que está sendo investigado pelo Ministério Público, já que o aborto no Brasil só é permitido legalmente em casos de estupros ou de risco de morte para a mãe).

No decorrer da entrevista, Carmem comenta sobre a atitude dos médicos no Uruguai, onde o aborto também não é legalizado: Se uma mulher uruguaia quiser realizar um aborto, ela vai até o hospital, onde uma série de exames é realizada para confirmar a gravidez. O médico informa sobre os riscos do aborto, mas também informa tudo sobre como tomar o Citotec (quanto e como tomar, efeitos colaterais, etc...). O médico não dá o remédio à paciente (ela mesma tem que comprar, já que o aborto é ilegal), mas dá todas as informações, o que, convenhamos, se torna bem contraditório. A desculpa é a de que existe um consenso no qual todos gostariam que existissem menos abortos inseguros, mas de qualquer forma,é um tipo de incitação ao crime.


Ludmilla Pazian

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Ideologia torcedora

-No último domingo (27/5) umas 13hrs, por conta de alguns compromissos, fui obrigado a utilizar o metrô. Sai da estação Barra Funda e fui sentido Penha (linha vermelha). Quando cheguei na Marechal Deodoro notei alguns gritos vindos de longe, percebi a agitação de todos passageiros quando a torcida Independente (organizada do São Paulo) desceu a escada rolante gritando algo como "Vai toma no c... porco...".

Passado um tempo, depois do susto, todos desceram na estação Sé, e eu comecei a pensar sobre o comportamento daquelas pessoas.


Já cheguei a ouvir uma história, de um membro da Gaviões da Fiel (organizada corintiana), sobre dois irmãos: um corintiano e um santista, que eram obrigados, por regulamento, a se baterem caso se encontrassem na rua. O mais estranho de tudo isso talvez fosse o fato que eles obedeciam a "lei", apesar de se amarem em casa.


O que leva uma pessoa a considerar uma torcida de futebol acima de todas as coisas? Sensação de poder? Amor a violência? Pura ignorância.


O caminho até a Penha foi curto demais pra eu responder.

Rubens Nogueira

segunda-feira, 28 de maio de 2007

RCTV

Na noite de ontem, em Caracas, encerrava-se a última transmissão aberta da RCTV, rede de tv mais antiga e popular da Venezuela. Hugo Chávez já anunciou, dias depois de sua reeleição, em dezembro de 2006, que não renovaria a concessão de freqüência estatal. Às 23:59h o sinal da emissora foi cortado, e, aproximadamente 20 minutos depois, entrava no ar, na mesma freqüência, a TVes ("Te ves", "você se vê" em português), Televisora Venezolana Social, criada pelo governo, com uma programação de "serviço público".
O governo venezuelano acusa a Radio Caracas Televisión (RCTV) de prejudicar o socialismo do século XXI. A emissora apoiou abertamente o golpe sofrido por Chávez, em 2002. O documentário "A revolução não será televisionada", que foi filmado enquanto o golpe ocorria, mostra como algumas imagens foram manipuladas por emissoras privadas, e como o sucesso (temporário) do golpe foi comemorado, no dia seguinte, em programas de opinião.

Achei curiosa a frase de Hugo Chávez, publicada pela Folha Online: "Esse canal fez muitos danos ao país durante muito tempo: os valores negativos, o bombardeio midiático de violência, o ódio, o racismo, o sexo mal visto e mal entendido, o desrespeito à mulher, aos meninos, às meninas, o desrespeito às muitas manifestações da vida social, aos homossexuais, ao país e ao mundo e às pessoas que tem alguma deficiência. Essa é a razão de fundo". Agora pense: maior e mais popular emissora, valores negativos, manipulação de informação. Isso tudo não lembra um outro país sul-americano que conhecemos? Pois é, creio que a única diferença entre Brasil e Venezuela é que lá as coisas aconteceram de maneira mais direta, onde as emissoras tomaram suas posições abertamente, e não apenas escolheram as informações que transmitiriam ao público, sem deixar claro aos telespectadores quando estão defendendo seus valores políticos, e principalmente, econômicos.

Acredito que este fato pode nos fazer discutir sobre alguns temas:

A manipulação de informação pela imprensa - sabemos que é impossível retratarmos um fato com 100% de exatidão, e que, até mesmo sem querer, podemos manipular a informação que será passada. Mas e quando isso é feito propositalmente, e com fins políticos e/ou econômicos, não seria melhor falar disso abertamente? Ou é melhor a "grande imprensa" continuar fingindo que é imparcial, e nós continuarmos fingindo que acreditamos?

Liberdade de imprensa e liberdade de escolha - Quando, claramente, uma emissora se opõe ao governo, até onde vai a real liberdade de imprensa? Existe, no Brasil, alguma empresa onde um jornalista pode realmente fazer o seu trabalho, sem interferência em suas opiniões? E quanto ao direito de escolha? O fechamento da RCTV, na Venezuela, tira do ar novelas populares, e a "Rádio Rochela", programa humorístico mais antigo da tv do país. Se fosse no Brasil, tirar do ar a novela das 20h da Rede Globo acabaria, inclusive, com toda a programação vespertina de outras emissoras. E quem tem a televisão como único meio de informação e diversão? Devem mesmo ver apenas o que o governo quer?

Imagino como o bombardeio de informações (falsas ou não) estava deixando a população venezuelana desnorteada, mas não concordo com a substituição que está sendo feita. Mal feita ou não, a oposição da RCTV era importante, sendo que o governo já dispunha de um outro canal estatal. Quem garante a veracidade das informações transmitidas pelo governo?

Link para o documentário "A revolução não será televisionada": http://www.megaupload.com/?d=J48P75FL

Rodrigo Simões

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O prazer através da dor

Na aula do último dia 10, o professor Dimas nos explicou em aula as características dos diferentes movimentos que fizeram parte do Helenismo. Dentre essas características, me chamou atenção um pensamento daqueles que tinham como maior virtude o prazer, os Epicuristas: o de que o prazer ganho através da dor é maior.

Imediatamente me veio à cabeça uma cena do filme Vanilla Sky, em que um personagem diz que "o doce não é tão doce sem o amargo". Ou seja, uma vitória fácil não é tão saborosa quanto aquela que foi conquistada superando dificuldades.

Acredito que grande parte da sociedade atual, senão toda, tenha incorporado este pensamento epicurista (isto se não for algo inerente ao ser humano). Não que sejamos masoquistas e busquemos problemas, mas encarar condições adversas e vencê-las é algo que nos fascina. E aqueles que conquistam suas vitórias, sejam elas quais forem, de forma mais "suada" são mais admirados do que os que tiveram mais facilidade. Como no futebol: ganhar no campo do adversário, de virada e com jogadores expulsos é bem mais celebrado do que uma fácil goleada.

Paulo Gomes

segunda-feira, 21 de maio de 2007

A luta para o bem comum ou individual?

O meio universitário sofreu um grande abalo há cerca de 3 semanas. Os estudantes da Universidade de São Paulo iniciaram uma manifestação contra os decretos do governador José Serra alegando que as medidas adotadas retirariam a autonomia da universidade. Além de reivindicar um posicionamento da reitoria frente à posição do governo, eles pedem melhoras na infra-estrutura e a construção de moradias dentro do campus do Butantã. Para mostrar a força do movimento, eles invadiram o prédio da reitoria e prometeram sair somente quando suas exigências forem atendidas, num protesto que já dura quase um mês inteiro.
Entretanto, apesar de os professores também terem concordado com a greve, apenas uma parcela dos estudantes juntou-se ao movimento. Outros concordam plenamente com a causa e defendem o direito de protesto universitário, mas acham que há formas mais eficazes de conseguir providências. O meio que está sendo utilizado – a greve – prejudica até aqueles que se posicionam contra a causa, pois paralisa todas as atividades de professores e funcionários da instituição. Além disso, o governo já enviou dois avisos aos estudantes. Em último caso, uma intervenção militar poderá ocorrer, causando violência no que deveria ser um protesto pacífico.
A discussão sobre a forma de protesto deveria ser aprofundada. É preciso radicalização sim, pois somente assim o governo cederá à pressão e negociará com os estudantes. Mas outros meios podem mostrar-se melhores e eficientes, como piquetes diários diante do Palácio dos Bandeirantes, passeatas em vias importantes da capital e outras manifestações. Assim, os que não concordam com a causa podem manter suas atividades em dia e os que concordam, lutam por seu sucesso. A greve tem o objetivo se trazer o bem coletivo, mas assim traz apenas o que quer uma pequena parte dos estudantes.


Por João Carioca

Confira aqui o blog da ocupação da reitoria da USP.

terça-feira, 15 de maio de 2007

papa e os índios

Mais uma vez polêmica. Declarações do papa sobre a história indígena não agradou líderes da comunidade. O papa afirma que o catolicismo purificou os índios e que seria um retrocesso retornarem ás suas religiões originais.
Vale debater os conceitos que nos foram ensinados na matéria de antropologia do 1° bimestre. O etnocentrismo ou ainda o etnocídio, pois ficou clara a idéia de que Bento 16 entende a igreja católica como superior ás demais igrejas, crenças e religiões.
E não há exemplo maior do que o etnocídio ocorrido no "descobrimento" do Brasil, as chamadas missões jesuíticas tiveram papel fundamental na conversão indígena. Muitos defendem a idéia de que a conversão ajudou o povo indígena, tentando de todas as formas os proteger dos homens brancos, que os queriam mortos. Mas o que realmente entende-se por mais inescrupuloso? o assassinato do corpo ou o da alma?
O pontífice ainda afirmou que a igreja não havia se imposto aos povos indígenas da América. Segundo ele, os índios receberam bem os padres europeus, pois Cristo era o salvador que eles esperavam silenciosamente.
A má repercussão percorreu o país, e até mesmo membros da igreja se aborreceram com as afirmações.
O líder da tribo Makuxi de Roraima, Dionito José de Souza, indignado não se calou "O estado usou a igreja para fazer o trabalho sujo da colonização dos índios, mas eles já pediram perdão...quer dizer que o papa esta voltando atrás com a palavra da igreja?"
Realmente o papa parece não ter papas na língua e diz o que pensa, ignorando o que a história nos conta.

Por: Amanda Fincatti

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Para gerar discussão

No bimestre passado o grupo Foco Filosofia apresentou um seminário sobre a atual situação da Igreja Católica. Demos atenção especial para os ícones católicos e surgiu, durante o debate em sala de aula, uma polêmica interessante sobre a figura do Papa, especialmente, o conservadorismo mostrado nos discursos de Bento XVI.
Nesse sentido, já que, nos últimos dias, estamos acompanhando de perto a visita do chefe supremo da Igreja Católica ao Brasil, seria válido retomar a discussão sobre alguns temas, como o aborto e a eutanásia criticados pelo papa. De certo que suas declarações de nada surpreenderam, já que a Igreja é reconhecidamente contra esses e outros métodos, como pílulas anticoncepcionais e camisinha. A justificativa para tais condenações é sempre a de que a Igreja é acima de tudo a favor da vida.
Em contrapartida às declarações de Bento XVI, relacionamos abaixo alguns argumentos mais concretos sobre as práticas que a Igreja tanto condena: o Aborto e a Eutanásia e a partir desses pontos de vista surge a discussão que gostaríamos de gerar:
Até que ponto o Brasil é um país verdadeiramente laico?

Sobre o aborto:
1º - A mulher que é portadora do embrião tem total liberdade, ou pelo menos deveria ter, para fazer o que bem quisesse com o seu corpo. E já que o embrião só está 'vivo' ligado à mãe, esta deveria ter o direito de escolher se quer ou não portá-lo.
2º - Em casos de estupro, a discussão se torna mais difícil ainda. O filho gerado não é desejado, e se nascer, sofrerá as conseqüências disso, coisa que não deveria acontecer. (O aborto, nesses casos, é muitas das vezes aceito, mas é um processo burocrático demais, o que o torna longo e penoso para a mãe que carrega o feto.)
3º - A queda de criminalidade nos EUA, nos anos 90, está diretamente relacionada à liberação do aborto a partir de 1973, como mostra o livro "Freakonomics". Fato esse que se justifica, já que crianças indesejadas sofrem com a falta de amor e auxílio dos pais, se tornando jovens violentos e com diversos outros problemas.

Sobre métodos contraceptivos:
Tanto a camisinha quanto a pílula anticoncepcional são métodos contraceptivos de grande importância para a sociedade atual. Quando citamos uma sociedade atual estamos falando de uma grande parcela de jovens que têm relações sexuais precocemente, desprovidos de orientação adequada e sujeitos a contraírem uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). Junto a esses está a parcela de adultos sem parceiros fixos. Esta realidade vai de encontro com os ideais da Igreja Católica. A camisinha, além de ser um método barato, de fácil aquisição e distribuição por parte do Governo, é também um dos mais eficazes. Se for utilizada corretamente, há a possibilidade de falhar em apenas 2%, e é o único método que une contracepção e proteção de DST’s. Não há como abrir mão de uma questão de saúde pública em prol de uma posição conservadora da instituição católica. Esses fundamentos religiosos se adequavam em uma época que os jovens não tinham tanto contato sexual, que os adultos tinham parceiros para a vida toda e que a promiscuidade era em proporções menores, o que não se parece em nada com o contexto atual.

Sobre a eutanásia:
A eutanásia é a prática pela qual se abrevia, sem dor ou sofrimento, a vida de um enfermo incurável.
Quem argumenta a favor da eutanásia, acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho consciente que reflete uma decisão informada.Uma defesa que assume o interesse individual acima da sociedade que, com suas leis e códigos, visa proteger a vida. A eutanásia não defende a morte, diretamente, e sim a opção pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única.
Por trás dessa escolha, são levados em conta todos os fatores (biológicos, sociais, culturais, econômicos e psíquicos) de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de influências exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de arrependimento.
Nesse sentido ao condenar ostensivamente a prática da eutanásia, a Igreja Católica impede que os indivíduos sequer pensem nessa hipótese. A dor, o sofrimento e o esgotamento do projeto de vida, são situações que levam as pessoas a desistirem de viver. A questão deveria ser tratada muito mais como livre arbítrio do que como conceitos dogmáticos e generalistas. Se é verdade que a eutanásia abrevia uma privação desnecessária, não seria papel da Igreja deixar essa questão para ser resolvida na indivualidade?
O fato é que a autonomia no direito a morrer não é permitida em detrimento das regras que regem a sociedade,e endossadas por discursos conservadores como os do papa Bento XVI, por outro lado a obrigatoriedade e a submissão às leis prolonga uma situação, que em todos os aspectos acaba por custar um preço elevado, desgastante para quem vive em meio a esse fogo cruzado.

Fernanda Abrão e Natalia Guaratto

domingo, 13 de maio de 2007

Roteiro para leitura

Confesso que ao começar a leitura de A Utopia, livro escrito por Tomás Morus e recomendado pelo professor Dimas, senti certo tédio e quase nenhum interesse. As primeiras vinte e cinco páginas foram lidas com um pouco de custo e desatenção, até que me dei conta da grande obra que estava em minhas mãos. A narrativa de Morus me envolveu e fez com que eu relesse essas primeiras páginas e ainda escrevesse em média a cada dez páginas lidas uma pequena sinopse dos fatos. Os conceitos discutidos no livro são extremamente relevantes, mesmo tendo sido escritos há séculos. Além de importante na área da filosofia, A Utopia nos faz compreender melhor a história e a atualidade das sociedades não só européias como também americanas. A mentalidade daqueles que viveram na época das grandes navegações se mostra bastante homogênea dentro dos textos históricos em geral, no entanto o relato transcrito por Morus revela uma gama de pensamentos diferentes: mais esclarecidos e bastante eloqüentes. Definitivamente uma obra relevante na formação social de qualquer um; nosso grupo da aula de filosofia teve muita sorte ao se deparar com o desafio de transmitir os muitos ensinamentos contidos em A Utopia. Dessa forma tentaremos realizar um seminário coerente e o mais esclarecedor possível. Dito isso, finalizo reforçando minha recomendação e apreço pela obra: leiam, vale a pena!
Por: Daniella Cornachione

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Virada Cultural

Neste sábado, 05/05, São Paulo viverá mais uma Virada Cultural. A maratona de 24 horas ininterruptas de atrações está na sua terceira edição, e ocorrerá em um ambiente bem mais tranqüilo que o do ano passado, quando o PCC aterrorizou a cidade uma semana antes do evento.

Das 18h às 18h, vários artistas se revezarão em palcos espalhados pela cidade. O centro contará com 5 grandes palcos temáticos, e cada região de São Paulo com mais um pólo de apresentações. Também participarão os CEU’s, as unidades do Sesc e museus, além dos estabelecimentos que aderirem à maratona.

Música, teatro, circo, cinema... Confira a programação (em PDF):

http://www.viradacultural.com.br/img/viradacultural2007_programacao.pdf

Aproveitem!!!

Rodrigo Simões

FILOSOFIA


Metamorfose Ambulante


Raul Seixas

Composição: RAUL SEIXAS

Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Se hoje eu sou estrela amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator


É chato chegar a um objetivo num instante

Eu quero viver essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Sobre o que é o amor

Sobre o que eu nem sei quem sou

Hoje eu sou estrela amanhã já se apagou

Se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor

Lhe tenho amor

Lhe tenho horror

Lhe faço amor

Eu sou um ator


Eu vou lhes dizer aquilo tudo que eu lhes disse antes

Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo


Ludmilla Pazian

Alegoria da Caverna


Como este foi o tema discutido durante a última aula, achei interessante postar o trecho do livro A República, onde Platão expõe a alegoria. Retirado do livro VII, este é um diálogo entre Sócrates e Glauco, irmão de Platão.




Sócrates - Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa moradasubterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homensestão aí desde a infância, de perna e pescoço acorrentados, de modo que nãopodem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes osimpedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina quese ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estradaascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro,semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si epor cima das quais exibem as suas maravilhas.


Glauco - Estou vendo.


Sócrates - Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens quetransportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens eanimais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre essestransportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.


Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.


Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa talcondição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros,mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes ficadefronte?


Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda avida?


Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?


Glauco - Sem dúvida.


Sócrates -Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, nãoachas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?


Glauco - É bem possível.


Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre queum dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passassediante deles?


Glauco - Sim, por Zeus!


Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão àssombras dos objetos fabricados?


Glauco - Assim terá de ser.


Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se foremlibertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte umdesses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, avoltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todosestes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhevier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto darealidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim,mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas,a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que viaoutrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?


Glauco - Muito mais verdadeiras.


Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarãomagoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e nãoacreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?


Glauco - Com toda a certeza.


Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subira encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?


Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.


Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetosda região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridadedos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corposcelestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.


Glauco - Sem dúvida.


Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagensrefletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seuverdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.


Glauco - Necessariamente.


Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é eleque faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, decerta maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, nacaverna.


Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.


Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aíse professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas quese alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?


Glauco - Sim, com certeza Sócrates.


Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensaspara aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras,que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a suaaparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigasilusões e viver como vivia?


Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessamaneira.


Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-seno seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastarbruscamente da luz do Sol?


Glauco - Por certo que sim.


Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com osprisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essassombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenhamrecomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, nãofará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltoucom a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E sealguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, sepudesse fazê-lo?


Glauco - Sem nenhuma dúvida.


Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto,esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vidada prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerarescomo a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto àminha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela éverdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéiado bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se podeapreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existem todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundointeligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e épreciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vidapública.


Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.


Encontrei também um esquema de como seria a caverna. Se encontrar outro desenho melhor, posto depois.






Rodrigo Simões

A Consciência da História: Gadamer e a Hermenêutica


Aproveitando a discussão promovida no mini-seminário sobre a Igreja Católica apresentado em sala de aula, que teve como ponto de partida recentes declarações do Papa Bento XVI, segue um artigo publicado no caderno Mais, da Folha de S. Paulo, em 24.03.02, por ocasião da morte do filósofo alemão Hans-George Gadamer, que influenciou a construção hermenêutica da obra de Leonardo Boff, também abordada no mesmo trabalho em grupo.

A Consciência da História: Gadamer e a Hermenêutica
Ernildo Stein
O filósofo Hans-Georg Gadamer, que ficou conhecido como o autor de "Verdade e Método - Esboços de uma Hermenêutica Filosófica", morreu aos 102 anos de idade, no dia 14 de março, 42 anos após a publicação de sua obra-prima. O subtítulo do livro não agradou ao editor por ser pouco inspirado, teria que ser precedido pelo título propriamente dito: "Compreender e Acontecer". Depois se encontrou o título que faria fortuna, "Verdade e Método" (publicado no Brasil pela editora Vozes).

Durante décadas, a obra concentraria a discussão filosófica na Alemanha: Ela primeiramente foi recebida como uma contraposição às ciências do espírito que interpretaram mal a palavra "compreender" como método. O livro tinha por objetivo apresentar o compreender do intérprete como fazendo parte de um acontecer que decorre do próprio texto que precisa de interpretação.

O que estava em jogo era o fato de que as ciências históricas do espírito tinham estremecido a confiança da filosofia numa razão que perpassa a história. Gadamer tinha compreendido a nova tematização do "tempo" em "Ser e Tempo" (1927), de Heidegger: se o tempo é o horizonte de toda compreensão, todas as teorias devem converter-se inelutavelmente em formações históricas, e isso afetara o núcleo da razão.

Gadamer percebera, pelo seu estudo dos gregos, da filosofia clássica alemã e da fenomenologia, que a tradição não podia mais se apoiar, num sentido filosófico relevante, nas interpretações metafísicas da razão. O diagnóstico da perda da possibilidade de um compromisso possível de nossas orientações fundamentais para a vida numa tal tradição leva Gadamer a introduzir a perspectiva hermenêutica.

Temos assim, segundo v filósofo, para substituir nosso apoio na metafísica, a perspectiva de os próprios participantes se empenharem na apropriação viva de tradições que os determinam. O ser humano esclarecido só tinha, como participante da tradição, uma interpretação das próprias condições históricas que, vindas da tradição, o determinam.

É assim que Gadamer se volta para o trabalho de encontrar o caminho para a consciência histórica, numa apropriação da tradição que preserve para esta a força do compromisso. Esse caminho a hermenêutica filosófica explora na crítica da falsa auto-compreensão metodológica das ciências do espírito. O filósofo pretende salvar a substância da tradição por meio de uma apropriação hermenêutica..

É assim que a filosofia hermenêutica de Gadamer encontra na força civilizatória da tradição a autoridade de uma razão diluída do ponto de vista da história efetiva. Gadamer, portanto, não traz de volta a metafísica nem mesmo uma ontologia salvadora; o que lhe importa é mostrar como a razão deve ser recuperada na historicidade do sentido, e essa tarefa se constitui na auto-compreensão que o ser humano alcança como participante e intérprete da tradição histórica. Se nós formos limitar a indicação dos motivos determinantes que estão presentes num tal estilo de pensamento, poderíamos encontrar as seguintes etapas: o diálogo e a dialética em Platão, a hermenêutica e o diálogo, a arte como paradigma da experiência hermenêutica, o estabelecimento das tarefas de uma hermenêutica filosófica e a universalidade da experiência hermenêutica e, por fim, a aplicação como momento do compreender, a hermenêutica como filosofia prática.

Gadamer afirma, na introdução de seu livro, o seguinte: "As análises que seguem começam (por isso) como uma crítica da experiência estética, para defender a experiência de verdade que nos é dada pela obra de arte, contra a teoria estética que se deixa estreitar pelo conceito de verdade da ciência. As análises, entretanto, não param na justificação da verdade da arte. Elas procuram antes desenvolver, desde esse ponto de partida um conceito de conhecimento e de verdade que corresponde ao todo de nossa experiência hermenêutica. Assim como temos que nos haver, na experiência da arte, com verdades que ultrapassam basicamente a esfera do conhecimento metódico, do mesmo modo algo semelhante vale para o todo das ciências do espírito, nas quais nossa tradição histórica é transformada também em objeto da pesquisa, em todas as suas formas, mas ao mesmo tempo ela mesma passa a falar em sua verdade. A experiência da tradição histórica ultrapassa fundamentalmente aquilo que nela é pesquisável. Ela não apenas é verdadeira e não-verdadeira, no sentido sobre o qual decide a crítica histórica - ela medeia constantemente a verdade na qual importa tomar parte".

Portanto "Verdade e Método" fala-nos de um acontecer da verdade no qual já sempre estamos embarcados pela tradição. Gadamer vê a possibilidade de explicitar fenomenologicamente esse acontecer em três esferas da tradição: o acontecer na obra de arte, o acontecer na história e o acontecer na linguagem. A hermenêutica que cuida dessa verdade não se submete a regras metódicas das ciências humanas, por isso ela é chamada de hermenêutica filosófica. É desse modo que Gadamer inaugura um lugar para a atividade da razão, fora das disciplinas da filosofia clássica e num contexto em que a metafísica foi superada.

Mas, apesar de a hermenêutica filosófica desenvolver-se numa perspectiva crítica da metafísica, ela apresenta uma pretensão de universalidade. Porém tal universalidade assume uma forma não dogmática, restando-lhe, portanto, uma universalidade que se move muito próxima da universalidade da crítica. Jürgen Habermas foi um dos primeiros a serem ' tocados pela pretensão de universalidade da hermenêutica.

Ele reconhece-lhe assim algumas características importantes: a) a hermenêutica é capaz de descrever as estruturas da reconstituição da comunicação perturbada; b) a hermenêutica está necessariamente referida à práxis; c) a hermenêutica destrói a auto-suficiência das ciências do espírito assim como em geral elas se apresentam; d) a hermenêutica tem importância para as ciências sociais, na medida em que demonstra que o do- mínio objetivo delas está pré-estruturado pela tradição e que elas mesmas, bem como o sujeito que compreende, têm seu lugar histórico determinado; e) a consciência hermenêutica atinge, fere e revela os limites da auto-suficiência das ciências naturais, ainda que não possa questionar a metodologia de que elas fazem uso;f) finalmente, hoje uma esfera de interpretação alcançou atualidade social e exige, como nenhuma outra, a consciência hermenêutica, a saber, a tradução de informações científicas relevantes para a linguagem do mundo da vida social.

Ainda que as observações de Habermas reconheçam aspectos da universalidade da hermenêutica filosófica, ele o faz, em contraste, com a pretensão de universalidade da crítica com a qual ele pretende atingir campos onde a hermenêutica filosófica não saberia trabalhar. Não é só por parte de Habermas que se ouvem essas críticas à hermenêutica filosófica, ela também é objeto de crítica da filosofia analítica. Esta vê na historicidade da linguagem e na pré-compreensão como condição de todo- discurso uma falta de recursos para examinar pretensões de validade dos textos que são interpretados ("Tugendhat").

Na medida em que a hermenêutica filosófica trabalha com o sentido, a analítica reduz a linguagem à unidade mínima que é o significado. Mas espíritos mais conciliadores se contentam em afirmar que a hermenêutica sem a filosofia analítica é cega e a filosofia analítica sem a hermenêutica é vazia.

Virada hermenêutica Gadamer nos deu, com sua hermenêutica filosófica, uma lição nova e definitiva: uma coisa é estabelecer uma práxis de interpretação opaca como princípio, e outra coisa bem diferente é inserir a interpretação num contexto - ou de caráter existencial, ou com as características do acontecer da tradição na história do ser - em que interpretar permite ser compreendido progressivamente como uma autocompreensão de quem interpreta. E, de outro lado, a hermenêutica filosófica nos ensina que o ser não pode ser compreendido em sua totalidade, não podendo assim, haver uma pretensão de totalidade da interpretação.

O filósofo produziu realmente uma virada hermenêutica do texto para a auto-compreensão do intérprete que como tal auto-compreensão somente se forma na interpretação, não sendo, portanto, possível descrever o interpretar como produção de um sujeito soberano.

Para encerrar essas considerações, convém ouvir o filósofo falando de sua talvez mais surpreendente afirmação: "Ser que pode ser compreendido é linguagem".

"É assim que sempre me esforcei, de minha parte, para guardar para o espírito o limite imposto a toda experiência hermenêutica do sentido. Quando eu escrevia: 'O ser acessível à compreensão é linguagem', importava ver, nessa fórmula, que o que é não pode jamais ser compreendido em sua totalidade. Em tudo o que uma linguagem desencadeia consigo mesma, ela remete sempre para além do enunciado como tal."

In Mais, caderno especial de Domingo da Folha de São Paulo, 24/03/02.
Thiago Peres

quinta-feira, 3 de maio de 2007

A CORUJA

Não foi à toa a escolha da coruja para ilustrar o blog, tampouco a da frase ao seu lado, de Hegel: “A Coruja de Minerva levanta vôo somente ao entardecer”. Minerva é a deusa romana da sabedoria, equivalente a Atenas na Grécia. Sua mascote é usada para representar a filosofia, pois é uma ave que levanta vôo apenas durante a noite, isto é, quando o que era para acontecer já aconteceu. Assim deve agir o filósofo, analisando e debatendo sobre a história e o presente, sobre fatos concretos. Os cientistas são os que enxergam o futuro. Os pensadores constroem o ideal, que não necessariamente está por vir.

Esta é minha opinião, e creio que irá gerar discussão até mesmo dentro de nosso grupo. Atingiremos, então, nossa meta. O Foco Filosofia é um espaço de debates, sobre qualquer assunto ou fato. Decidimos que cada um irá postar livremente, expondo seus pensamentos, sem apresentação prévia do tema ao grupo. Assim, tentaremos promover o embate de idéias entre nossos integrantes, os outros grupos e os leitores do blog.

Estaremos, assim, fazendo filosofia, e aprendendo a fazer jornalismo. O repórter só chegará o mais próximo possível da realidade comparando e defrontando fontes. As idéias só possuem verdadeiro valor quando debatidas e contrariadas.

“Toda unanimidade é burra” Nélson Rodrigues


Rodrigo Simões

quarta-feira, 2 de maio de 2007

De mudança...

A proposta feita pelo professor Dimas ao iniciarmos o curso foi muito atraente e bem recebida. Afinal, montar um blog em grupo seria algo que além de construtivo, estimularia nossa produção de textos e ainda nos mostraria a importância de um bom convívio interpessoal. Montamos nosso blog com o intuito de participar ativamente, postando bastante e com freqüência, mas não foi exatamente o que aconteceu. Temos nos esforçado para melhorá-lo e admitimos que ainda há muito trabalho a fazer! Justamente devido à vontade de expandir foi que decidimos mudar do uniblog para o blogspot, pois achamos que o segundo oferece mais opções e ainda proporciona uma manutenção mais fácil. Esperamos a compreensão de todos e pedimos desculpas pelo transtorno. Após um bimestre um tanto quanto agitado, fica a motivação e o compromisso de todos os membros do grupo em dedicar mais tempo ao blog. Visto que temos ótimos escritores e pessoas maravilhosas trabalhando juntas para melhorar o espaço virtual – se é que podemos dizer assim – que existe atualmente.

Para que serve a FILOSOFIA

"Você conhece algum filósofo? Ou entende por que uma pessoa escolhe por livre e espontânea vontade ser filósofo? Você sabe qual é o trabalho desse profissional? Onde trabalha? Ou simplesmente a que se propõe?
Para quem não tem a menor idéia dessas respostas e lembra vagamente do filósofo como aquele ser mitológico amante do conhecimento, é bom tomar cuidado. Filósofos modernos existem sim, mas eles andam se escondendo (talvez no fundo de uma caverna de Platão) dentro das universidades, atrás métodos, teorias, histórias e outros assuntos afins. Raramente eles dão as caras para analisar o mundo real, a fonte e a inspiração de seu conhecimento. "Ocorreu uma profissionalização de filosofia para além daquilo que seria necessário, uma especificação muito grande, com uma perda do todo, do real", explica o professor Paulo Ghiraldelli, livre-docente em filosofia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Mesmo que você não perceba, está a todo momento pisando em filosofia, seja nos filmes a que assiste, nos livros e jornais que lê e até na televisão. As análises diretas e indiretas de tudo são na verdade um exercício de filosofia, nas quais o conhecimento filosófico ajuda muito. "Não é à toa que a sociedade está buscando esse conhecimento fora da universidade, em cursos livres, debates e livros", acrescenta Ghiraldelli.

PENSAMENTO LIVRE

A filosofia é como uma ferramenta para o pensamento de base. " O filósofo é um livre-pensador que se desapega de seus preconceitos para compreender a realidade na sua diversidade e multiplicidade", explica Ricardo Monteagudo, coordenador no curso de filosofia da Unesp.
Se ainda assim é difícil entender para que serve essa tal filosofia, vale lembrar o quanto da nossa realidade nasceu de estudos filosóficos, por meio de questionamentos de ontologia (da ordem do que existe e porque existe), de lógica (para a organização do discurso, da matemática, do pensamento), sobre o conhecimento (o processo cognitivo e de aprendizado) e sobre a estática (não só do que apreendemos como belo e por que o fazemos, mas também aquilo que
entendemos como arte). A filosofia está à nossa volta.

GRANDES QUESTÕES PARA A FILOSOFIA DO SÉCULO 21

LINGUAGEM: Uma das grandes discussões da filosofia na atualidade é exatamente como conceituar o raciocínio. Do que se compõe a razão? O raciocínio? O pensamento? São perguntas que ficaram cada vez mais difíceis com o avanço da ciência. Nos últimos anos o debate em torno dessas questões trouxe à tona o papel da linguagem para caracterizar o raciocínio. "Nada mais de 'estudo da razão'. Toda discussão da teoria do conhecimento deve ser refeita baseada na linguagem e na comunicação", explica o professor Paulo Ghiraldelli.

ARTE: Parece uma questão irrelevante para a vida prática, mas diz muito a respeito da vida em sociedade. Desde a Antiguidade o mundo se questiona sobre o que, de fato, deve ser considerado arte. A discussão se acirrou com o surgimento, em diferentes momentos, do jornalismo, da fotografia, do cinema, da teledramaturgia, do design e outros. Ao que tudo indica essa confusão ainda deve crescer com novas e cada vez mais freqüentes fusões entre ciência, tecnologia e arte. E você? Sabe dizer o que é arte?

ÉTICA: Afora os problemas éticos que a ciência já está enfrentando na definição do que é a vida, quais os direitos dos animais e como evitar a quebra de privacidade que acompanha a tecnologia, um outro problema a ser pensado pela filosofia é o que é ser justo num mundo multicultural. Sendo a principal pergunta: como agradar ao senso de justiça dos dois? "A questão ética é como criar um código, para além do código liberal, que dê conta dessas nossas divergências sob um mesmo senso de justiça", explica Ghiraldelli."

Texto publicado na revista Galileu, em Agosto de 2005
Colaborou: MARIANE GUSAN