sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Fim do voto secreto no Senado e na Câmara
Agora, há esperança de que tudo, ou pelo menos boa parte, estará aos olhos da população. É o mínimo de respeito que se pode ter com aqueles que elegeram seus representantes e muito pouco recebem deles.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Casa da luz vermelha...
Não muito inspirado para escrever, fui procurar por notícias novas na Internet para cumprir minha missão mas, pra variar, não achei nada de novo. Não que o acidente dos trens de ontem não seja importante, mas o que me chamou a atenção é que, ao entrar nos principais sites de notícias do país, a maior parte das manchetes ainda é sobre corrupção, mensalão, cpi's e afins.
Como estamos chegando na semana de nossa pátria querida, queria propor uma homenagem aos que tanto trabalham por ela...
Sei lá... podemos relembrar essas maravilhosas histórias que só acontecem por aqui:
- Depois de dois anos de muita sujeira sendo feita na cara de todo mundo (antes faziam escondido), um julgamento decide que, agora sim, vão abrir ação penal contra 40 acusados do mensalão;
- O avião da GOL cai na floresta, passa-se uma semana falando sobre o assunto, estoura a crise aérea brasileira, e as últimas páginas dedicadas ao assunto são sobre parentes reclamando de bens roubados das vítimas.
Fazer desabafos:
Ou, como no Brasil tudo acaba em piada, podemos divulgar notícias e artigos que tanto falam do nosso país, como os da Desciclopédia:
Brasil
Mensalão
Brasileiro
O importante é perguntarmos sempre... o avião da TAM bateu, culparam Congonhas, prenderam o Maroni, fecharam o Bahamas e o Millenium. E se o Planalto fosse aqui?
Rodrigo Simões
domingo, 26 de agosto de 2007
Politicamente Incorreto
Dia 17 de agosto de 2007 estreou nos cinemas brasileiros o filme estadounidense “Os Simpsons”, um desenho que conta a rotina de uma família típica norte-america de uma maneira cômica.
Um dia antes, estreou também o nacional “O mundo global visto do lado de cá”, um documentário excepcional, segundo meus colegas, que nas palavras de Amanda “revela a globalização a partir da visão de um dos grandes pensadores do Brasil”, Milton Santos.
Provavelmente (e quase com certeza) esses filmes terão bilheterias bem diferentes, mas por que?
Será o brasileiro tão relaxado que prefere assistir ao besteirol americano a um documentário nacional? Ou será que estamos tão cansados e desiludidos com tudo, que gastamos nosso último centavo num momento de diversão no fim-de-semana?
Eu, particularmente, não assisti ao documentário, mas tenho certeza que deve ser ótimo. Gastei meu dinheiro e tempo para assistir ao besteirol, pois é o único dia da semana que tenho para descansar. Talvez eu seja preguiçoso, relaxado ou talvez só tranquilo, mas não me sinto menos engajado politicamente por priorizar a “inutilidade” dos “Simpsons”.
Num mundo onde todos se divertem e tem seus momentos de alienação, é difícil descobrir o momento certo e o errado da diversão e da preocupação. Cada um tem a sua hora de fazer e de lazer.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Consulta direta ao povo: plebiscito e referendo
Enfim, mesmo tendo cometido alguns equívocos, nós conseguimos passar por mais esse desafio com grande estilo! O tema abordado - consulta popular, plebiscitos e referendos - foi bastante relevante e através da exposição de alguns casos, pudemos mostrar a força que a consulta e a participação popular podem e devem ter. Muito se falou durante a apresentação, foram abordados assuntos envolvendo democracia direta, consultas populares no Brasil e no mundo e as que envolveram mobilizações da sociedade, além das definições e diferenças que existem entre plebiscitos e referendos.
A apresentação foi iniciada com a explicação do assunto: a consulta popular e a origem da idéia, que foi o plebiscito organizado por movimentos sociais e logo após passamos o vídeo que convoca a população a participar da mobilização pela anulação do leilão da Vale na semana da pátria. Talvez esse tenha sido o caso mais importante da apresentação, pois pudemos informar aos colegas o que aconteceu realmente durante a venda da Companhia Vale do Rio Doce e a luta que está sendo travada para reverter a validade da compra.
Para quem não pôde assistir vai aí uma pequena sinopse do que dissemos sobre a Vale: a companhia Vale do Rio Doce, produtora de minérios e dona de outros bens como estradas de ferro, pertencia ao Estado brasileiro até 1997, quando o então presidente FHC efetuou seu leilão. A venda foi bastante controversa e gerou revolta social, isso porque, entre outros motivos, o valor pelo qual a Vale foi vendida era cerca de 28 vezes menos o que calculava-se ser o seu preço real. Outro escândalo de corrupção envolveu uma ação ilegal do Banco Bradesco, que fez parte do grupo de empresas avaliador do patrimônio da companhia para depois se tornar o principal acionista privado da Vale.
Bom, a partir de fraudes tão evidentes a luta pela anulação do leilão é mais do que necessária e deve continuar mesmo após 10 anos desde a venda. A causa pode até parecer estar perdida, mas não está, a mobilização social através de um plebiscito será uma forma de pressão direta ao governo para que tome medidas a respeito.
Nós temos o direito de reinvidicar pelo o que é nosso, desde que nos organizemos. Fica aí o convite para que todos

Não deixem de conferir:
http://www.avaleenossa.org.br/
Vídeos (as três partes de um vídeo produzido sobre o tema, que estão tanto no youtube como no site a valeenossa.org.br)
"Chamada para o plebiscito popular 2007" (passado em sala de aula)
http://br.youtube.com/watch?v=UfRpQUTLNYs
Parabéns ao grupo e que tenhamos um desempenho ainda melhor no próximo e último seminário!
Daniella Cornachione
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Milton Santos: o pensador do Brasil
O documentário que foi muito bem construído por Silvio Tendler foi premiado em Brasília e esta em cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Ao assistir tal documentário a noção de que o mundo é dominado por idéias sujas e egoístas fica cada vez mais evidente e constrangedora. Dominado no sentido de que essas idéias estão na mente dos minoritários dominadores tornando-se ainda mais triste essa realidade, quase inaceitável. Nunca o mundo esteve tão preparado tecnologicamente para matar a fome de toda a sua população, porém o ideal de vida de alguns usurpa o ideal de sobrevivência de outros. E é dessa forma que essa globalização assola o mundo, os pobres agora morrem de fome e os ricos jogam no lixo tudo o que não agüentam comer. Existe governo que até dá prêmios para os produtores que produzirem menos quantidade de alimentos.
O mundo esta dividido em hemisférios, norte e sul tornaram-se referências de quem é desenvolvido e de quem não se desenvolve , do forte e do fraco, do explorador e do explorado. A cabeça do mundo parece não pensar por todos.
Diante dessa situação Milton Santos acredita que o mundo ainda pode ser melhor, vista de um outro modo a globalização serviria justamente para reverter essa situação de concentração injusta e que proporciona a cruel divisão de classes. Filme imperdível e que com certeza causará maior impacto em nossas vidas do que o também lançamento “Simpsons”.
Acredito que seguindo o exemplo do mestre Milton Santos o Brasil também pode reagir aos descasos dos poderosos. Olhar o mundo de forma diferente, olhar as pessoas de forma diferente, não colocar á margem o que não é habitual. Apoiar e lutar por quem não vive como nós, essa é a dificuldade pois como diz Milton Santos “ A classe média não quer direitos, quer privilégios”.
Por: Amanda Fincatti
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
Revolução de Chávez
E como fui a escolhida para começar, aí está o tema que gostaria de discutir: a reforma constitucional proposta por Chávez.
No último dia 15, o presidente da Venezuela apresentou suas idéias de reforma constitucional. Segundo ele " ou mudamos a estrutura ou se detém o processo revolucionário."
Pois bem, a reforma inclui mudanças em 33 dos 350 artigos da atual Constituição venezuelana.
Mais especificamente, gostaria de destacar a mudança que permite a reeleição contínua sem limites apenas para presidente da República.
Na minha opinião, isso é uma manobra (clara) para continuar no poder. Há quem diga que é o príncipio de uma ditadura que ele quer implantar...
Qual seria outra justificativa se não esta?
Abro espaço para discussão, para aqueles que têm a mesma opinião e os que divergem também :) )
Comentem, e obrigada desde já.
Fernanda Abrão
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Para quem não viu...ou quer ver de novo!
Foco Filosofia orgulhosamente apresenta:
1) Utopia, a ilha
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Darfur e o mundo após Ruanda
A mídia fala todos os dias sobre o número de mortos no Iraque, desde a sua invasão em 2003, e sobre as mortes no Oriente Médio em geral (Síria, Israel/Palestina, Líbano). Sobre Darfur, temos sorte se algo for publicado de 15 em 15 dias.
Intervenções
Os Estados Unidos não pretendem se envolver diretamente na África depois da situação na Somália em 1993, e se contentam apenas em cortar relações com o governo sudanês. O mesmo governo sudanês rejeita qualquer ajuda externa e diz que irá resolver a situação sozinho. A China tem sido cobrada a intervir, mas ainda não o fez porque é a principal importadora do petróleo sudanês e tem medo do governo de Cartum cortar esta relação.
Na última segunda-feira, o recém eleito presidente da França Nicolas Sarkozy chefiou uma Conferência Internacional em Paris sobre Darfur, com a presença da Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e de representantes da Liga Árabe. Foi discutido o envio de tropas de paz da ONU.
O Sudão não foi convidado para a conferência e a União Africana recusou-se a participar, alegando que essa conferência quer apenas “chamar atenção”. Será que Sarkozy quer apenas parecer solidário e interessado para ganhar pontos com sua população e a comunidade internacional, ou realmente alguém fará algo logo?
terça-feira, 26 de junho de 2007
Hay que ser utópico, pero sin perder la ternura jámas!" Haha
"... somente aqueles que vêem o invisível podem realizar o impossível..." (Bernard Lown, Prêmio Nobel da Paz de 1985)
Uma das afirmações filosóficas de Einstein se revela, hoje, de fundamental importância: em épocas complexas, como a que tivemos nestes tempos modernos, a imaginação é mais importante que o conhecimento.
Bom, proponho que cada integrante do grupo escreva, em poucas linhas, quais foram suas impressões e as apreensões obtidas e vividas na apresentação.
Apenas me desculpem pelo trocadilho péssimo e mal feito do título! Haha
Daniella Cornachione
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Algumas impressões do flashmob
Daniella Cornachione
terça-feira, 19 de junho de 2007
Uma nova forma de mobilização
"A idéia que surgiu na Assembléia da Arquitetura de terça foi a criação de um FLASHMOB, que é uma mobilização relâmpago, de duração de 5 minutos, que consistiria no fechamento das 5 principais avenidas da cidade do seu campus. No caso dos estudantes da Unicamp, por exemplo, rola em Campinas. Serão feitas 5 faixas, uma pra cada avenida, com um frase em cada uma, explicitando nossa insatisfação com os Decretos. Ao parar, uma galera sai panfletando nos carros um material simples e de fácil compreensão. A idéia é que a manifestação seja pacífica e silenciosa mesmo, e que tenha bastante presença da mídia, pra que fique bem claro que as três universidades estão, além de insatisfeitas, unidas!"
Na cidade de São Paulo a mobilização tambem ocorrerá. Através do site seguinte é possível obter todas as informações: http://www.contraosdecretos.cjb.net/
Mais uma vez os estudantes estão se organizando em busca de reconhecimento e participação política. Este tem sido um ano bastante conturbado na vida das universidades públicas, o que se espera é que ao menos tantos esforços tragam alguns resultados.
Mesmo não fazendo parte do ensino público fica a recomendação a todos de nós que tenhamos vontade de participar ou então a quem pretenda cobrir o fato. E com relação às greves e à ocupação parece que estão chegando ao fim. Espero que estejamos vendo a formação de uma nova juventude, muito mais politizada e menos alienada. O que ainda não é tão evidente, pois há muito caminho para ser percorrido.
Para quem quiser ler mais sobre o assunto é fácil. Procure em sites de busca por "contra os decretos do Serra" ou similares. Existem inúmeros blogs e páginas que publicam e explicam as razões pelas quais os estudantes se posicionam contra os decretos. Assim como há tantos outros que defendem as ações do governador. No Estadão do último domingo (17) há algumas matérias sobre a ocupação na USP, como já era previsto, o conteúdo toma partido contra as atitudes tanto dos estudantes da Universidade de São Paulo como também de outros movimentos estudantis que existem atualmente.
Há também um vídeo feito por alunos da UNESP que procura explicar a situação e a posição dos estudantes contra os decretos:
http://video.google.com/videoplay?docid=2766804175625447712
Prometo ser as últimas linhas! Haha, mas este poema, apesar de simples, diz bastante:
"PRIMEIRO LEVARAM OS NEGROS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU NÃO ERA NEGRO
EM SEGUIDA LEVARAM ALGUNS OPERÁRIOS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU TAMBÉM NÃO ERA OPERÁRIO
DEPOIS PRENDERAM UNS MISERÁVEIS
MAS NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
PORQUE EU NÃO SOU MISERÁVEL
DEPOIS AGARRARAM UNS DESEMPREGADOS
MAS COMO EU TENHO EMPREGO
TAMBÉM NÃO ME IMPORTEI
AGORA ESTÃO ME LEVANDO, MAS JÁ É TARDE
COMO NÃO ME IMPORTEI COM NINGUÉM
NINGUÉM SE IMPORTA COMIGO"
Bertold Breetch
Daniella Cornachione
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Cotas!!!!
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Greve de metroviários gera lentidão recorde do ano
A realização da greve foi decidida na noite de ontem (13) pelo Sindicato dos Metroviários e a principal reinvidicação é por melhores salários. Não é preciso dizer o quanto uma greve como essa afeta o cotidiano paulistano. Muitas escolas e faculdades suspenderam as aulas pela manhã, inclusive a nossa Cásper Líbero. E novamente paramos pra pensar até que ponto a paralisação é válida, na medida em que os prejuízos ficam para os cidadãos, cerca de 3 milhões, que também trabalham e querem uma vida mais confortável. O dia-a-dia de um metroviário não é fácil, são 6 ou 8 horas de trabalho cansativo e repleto de riscos.
Dessa forma, cabe ao governo do estado e à empresa estudar as propostas do sindicato e colaborar para que a cidade volte a sua normalidade. Está marcada uma reunião para esta manhã, a previsão é de que o metrô volte a funcionar a partir das 11h após uma conversa entre sindicato e governo estadual. Espero que vocês tragam mais informações e comentarei aqui quando houver alguma mudança na situação.
Mais informações estão http://www.metroviarios-sp.org.br/, que é aliás um ótimo e colorido site.
Daniella Cornachione
terça-feira, 12 de junho de 2007
Só para descontrair

Nas últimas aulas de Teoria da Comunicação vimos o texto "A mensagem fotográfica" de Roland Barthes. Nele o autor fala da relação imagem e texto e dos processos de modificação de uma fotografia, seja por tecnologia ou simplesmente por colocação de legenda e acompanhamento de texto.
Nesse sentido, já que até hoje esse blog só publicou textos, resolvi inovar um pouco e postar uma imagem descontráida.
Tenho esperança de que o blog não caia novamente na monotomia e no esquecimento, portanto já que temos muitos outros trabalhos para pensar essa semana, não vou propor nenhuma discussão sobre ética no fotojornalismo ou qualquer coisa do tipo. Proponho apenas uma enquete:
Qual a legenda vocês colocariam na imagem acima?
Quem postar a legenda mais criativa ganha um final de semana com o Sérgio Malandro!
Natalia Guaratto
segunda-feira, 4 de junho de 2007
A polêmica do aborto
Carmem considera mais sensato oferecer informações para as mulheres que querem abortar, como a possibilidade de levar a gravidez até o fim e entregar o filho para adoção, sobre os riscos do aborto e, até, como tomar o Citotec, droga utilizada para a interrupção da gestação (A entidade BemFam pretende começar o programa de redução de danos nos hospitais de Campinas, o que está sendo investigado pelo Ministério Público, já que o aborto no Brasil só é permitido legalmente em casos de estupros ou de risco de morte para a mãe).
No decorrer da entrevista, Carmem comenta sobre a atitude dos médicos no Uruguai, onde o aborto também não é legalizado: Se uma mulher uruguaia quiser realizar um aborto, ela vai até o hospital, onde uma série de exames é realizada para confirmar a gravidez. O médico informa sobre os riscos do aborto, mas também informa tudo sobre como tomar o Citotec (quanto e como tomar, efeitos colaterais, etc...). O médico não dá o remédio à paciente (ela mesma tem que comprar, já que o aborto é ilegal), mas dá todas as informações, o que, convenhamos, se torna bem contraditório. A desculpa é a de que existe um consenso no qual todos gostariam que existissem menos abortos inseguros, mas de qualquer forma,é um tipo de incitação ao crime.
Ludmilla Pazian
quarta-feira, 30 de maio de 2007
Ideologia torcedora
Passado um tempo, depois do susto, todos desceram na estação Sé, e eu comecei a pensar sobre o comportamento daquelas pessoas.
Já cheguei a ouvir uma história, de um membro da Gaviões da Fiel (organizada corintiana), sobre dois irmãos: um corintiano e um santista, que eram obrigados, por regulamento, a se baterem caso se encontrassem na rua. O mais estranho de tudo isso talvez fosse o fato que eles obedeciam a "lei", apesar de se amarem em casa.
O que leva uma pessoa a considerar uma torcida de futebol acima de todas as coisas? Sensação de poder? Amor a violência? Pura ignorância.
O caminho até a Penha foi curto demais pra eu responder.
Rubens Nogueira
segunda-feira, 28 de maio de 2007
RCTV
O governo venezuelano acusa a Radio Caracas Televisión (RCTV) de prejudicar o socialismo do século XXI. A emissora apoiou abertamente o golpe sofrido por Chávez, em 2002. O documentário "A revolução não será televisionada", que foi filmado enquanto o golpe ocorria, mostra como algumas imagens foram manipuladas por emissoras privadas, e como o sucesso (temporário) do golpe foi comemorado, no dia seguinte, em programas de opinião.
Achei curiosa a frase de Hugo Chávez, publicada pela Folha Online: "Esse canal fez muitos danos ao país durante muito tempo: os valores negativos, o bombardeio midiático de violência, o ódio, o racismo, o sexo mal visto e mal entendido, o desrespeito à mulher, aos meninos, às meninas, o desrespeito às muitas manifestações da vida social, aos homossexuais, ao país e ao mundo e às pessoas que tem alguma deficiência. Essa é a razão de fundo". Agora pense: maior e mais popular emissora, valores negativos, manipulação de informação. Isso tudo não lembra um outro país sul-americano que conhecemos? Pois é, creio que a única diferença entre Brasil e Venezuela é que lá as coisas aconteceram de maneira mais direta, onde as emissoras tomaram suas posições abertamente, e não apenas escolheram as informações que transmitiriam ao público, sem deixar claro aos telespectadores quando estão defendendo seus valores políticos, e principalmente, econômicos.
Acredito que este fato pode nos fazer discutir sobre alguns temas:
A manipulação de informação pela imprensa - sabemos que é impossível retratarmos um fato com 100% de exatidão, e que, até mesmo sem querer, podemos manipular a informação que será passada. Mas e quando isso é feito propositalmente, e com fins políticos e/ou econômicos, não seria melhor falar disso abertamente? Ou é melhor a "grande imprensa" continuar fingindo que é imparcial, e nós continuarmos fingindo que acreditamos?
Liberdade de imprensa e liberdade de escolha - Quando, claramente, uma emissora se opõe ao governo, até onde vai a real liberdade de imprensa? Existe, no Brasil, alguma empresa onde um jornalista pode realmente fazer o seu trabalho, sem interferência em suas opiniões? E quanto ao direito de escolha? O fechamento da RCTV, na Venezuela, tira do ar novelas populares, e a "Rádio Rochela", programa humorístico mais antigo da tv do país. Se fosse no Brasil, tirar do ar a novela das 20h da Rede Globo acabaria, inclusive, com toda a programação vespertina de outras emissoras. E quem tem a televisão como único meio de informação e diversão? Devem mesmo ver apenas o que o governo quer?
Imagino como o bombardeio de informações (falsas ou não) estava deixando a população venezuelana desnorteada, mas não concordo com a substituição que está sendo feita. Mal feita ou não, a oposição da RCTV era importante, sendo que o governo já dispunha de um outro canal estatal. Quem garante a veracidade das informações transmitidas pelo governo?
Link para o documentário "A revolução não será televisionada": http://www.megaupload.com/?d=J48P75FL
Rodrigo Simões
quinta-feira, 24 de maio de 2007
O prazer através da dor
Imediatamente me veio à cabeça uma cena do filme Vanilla Sky, em que um personagem diz que "o doce não é tão doce sem o amargo". Ou seja, uma vitória fácil não é tão saborosa quanto aquela que foi conquistada superando dificuldades.
Acredito que grande parte da sociedade atual, senão toda, tenha incorporado este pensamento epicurista (isto se não for algo inerente ao ser humano). Não que sejamos masoquistas e busquemos problemas, mas encarar condições adversas e vencê-las é algo que nos fascina. E aqueles que conquistam suas vitórias, sejam elas quais forem, de forma mais "suada" são mais admirados do que os que tiveram mais facilidade. Como no futebol: ganhar no campo do adversário, de virada e com jogadores expulsos é bem mais celebrado do que uma fácil goleada.
Paulo Gomes
segunda-feira, 21 de maio de 2007
A luta para o bem comum ou individual?
O meio universitário sofreu um grande abalo há cerca de 3 semanas. Os estudantes da Universidade de São Paulo iniciaram uma manifestação contra os decretos do governador José Serra alegando que as medidas adotadas retirariam a autonomia da universidade. Além de reivindicar um posicionamento da reitoria frente à posição do governo, eles pedem melhoras na infra-estrutura e a construção de moradias dentro do campus do Butantã. Para mostrar a força do movimento, eles invadiram o prédio da reitoria e prometeram sair somente quando suas exigências forem atendidas, num protesto que já dura quase um mês inteiro.
Entretanto, apesar de os professores também terem concordado com a greve, apenas uma parcela dos estudantes juntou-se ao movimento. Outros concordam plenamente com a causa e defendem o direito de protesto universitário, mas acham que há formas mais eficazes de conseguir providências. O meio que está sendo utilizado – a greve – prejudica até aqueles que se posicionam contra a causa, pois paralisa todas as atividades de professores e funcionários da instituição. Além disso, o governo já enviou dois avisos aos estudantes. Em último caso, uma intervenção militar poderá ocorrer, causando violência no que deveria ser um protesto pacífico.
A discussão sobre a forma de protesto deveria ser aprofundada. É preciso radicalização sim, pois somente assim o governo cederá à pressão e negociará com os estudantes. Mas outros meios podem mostrar-se melhores e eficientes, como piquetes diários diante do Palácio dos Bandeirantes, passeatas em vias importantes da capital e outras manifestações. Assim, os que não concordam com a causa podem manter suas atividades em dia e os que concordam, lutam por seu sucesso. A greve tem o objetivo se trazer o bem coletivo, mas assim traz apenas o que quer uma pequena parte dos estudantes.
Por João Carioca
Confira aqui o blog da ocupação da reitoria da USP.
terça-feira, 15 de maio de 2007
papa e os índios
Vale debater os conceitos que nos foram ensinados na matéria de antropologia do 1° bimestre. O etnocentrismo ou ainda o etnocídio, pois ficou clara a idéia de que Bento 16 entende a igreja católica como superior ás demais igrejas, crenças e religiões.
E não há exemplo maior do que o etnocídio ocorrido no "descobrimento" do Brasil, as chamadas missões jesuíticas tiveram papel fundamental na conversão indígena. Muitos defendem a idéia de que a conversão ajudou o povo indígena, tentando de todas as formas os proteger dos homens brancos, que os queriam mortos. Mas o que realmente entende-se por mais inescrupuloso? o assassinato do corpo ou o da alma?
O pontífice ainda afirmou que a igreja não havia se imposto aos povos indígenas da América. Segundo ele, os índios receberam bem os padres europeus, pois Cristo era o salvador que eles esperavam silenciosamente.
A má repercussão percorreu o país, e até mesmo membros da igreja se aborreceram com as afirmações.
O líder da tribo Makuxi de Roraima, Dionito José de Souza, indignado não se calou "O estado usou a igreja para fazer o trabalho sujo da colonização dos índios, mas eles já pediram perdão...quer dizer que o papa esta voltando atrás com a palavra da igreja?"
Realmente o papa parece não ter papas na língua e diz o que pensa, ignorando o que a história nos conta.
Por: Amanda Fincatti
segunda-feira, 14 de maio de 2007
Para gerar discussão
Nesse sentido, já que, nos últimos dias, estamos acompanhando de perto a visita do chefe supremo da Igreja Católica ao Brasil, seria válido retomar a discussão sobre alguns temas, como o aborto e a eutanásia criticados pelo papa. De certo que suas declarações de nada surpreenderam, já que a Igreja é reconhecidamente contra esses e outros métodos, como pílulas anticoncepcionais e camisinha. A justificativa para tais condenações é sempre a de que a Igreja é acima de tudo a favor da vida.
Em contrapartida às declarações de Bento XVI, relacionamos abaixo alguns argumentos mais concretos sobre as práticas que a Igreja tanto condena: o Aborto e a Eutanásia e a partir desses pontos de vista surge a discussão que gostaríamos de gerar:
Até que ponto o Brasil é um país verdadeiramente laico?
Sobre o aborto:
1º - A mulher que é portadora do embrião tem total liberdade, ou pelo menos deveria ter, para fazer o que bem quisesse com o seu corpo. E já que o embrião só está 'vivo' ligado à mãe, esta deveria ter o direito de escolher se quer ou não portá-lo.
2º - Em casos de estupro, a discussão se torna mais difícil ainda. O filho gerado não é desejado, e se nascer, sofrerá as conseqüências disso, coisa que não deveria acontecer. (O aborto, nesses casos, é muitas das vezes aceito, mas é um processo burocrático demais, o que o torna longo e penoso para a mãe que carrega o feto.)
3º - A queda de criminalidade nos EUA, nos anos 90, está diretamente relacionada à liberação do aborto a partir de 1973, como mostra o livro "Freakonomics". Fato esse que se justifica, já que crianças indesejadas sofrem com a falta de amor e auxílio dos pais, se tornando jovens violentos e com diversos outros problemas.
Sobre métodos contraceptivos:
Tanto a camisinha quanto a pílula anticoncepcional são métodos contraceptivos de grande importância para a sociedade atual. Quando citamos uma sociedade atual estamos falando de uma grande parcela de jovens que têm relações sexuais precocemente, desprovidos de orientação adequada e sujeitos a contraírem uma DST (Doença Sexualmente Transmissível). Junto a esses está a parcela de adultos sem parceiros fixos. Esta realidade vai de encontro com os ideais da Igreja Católica. A camisinha, além de ser um método barato, de fácil aquisição e distribuição por parte do Governo, é também um dos mais eficazes. Se for utilizada corretamente, há a possibilidade de falhar em apenas 2%, e é o único método que une contracepção e proteção de DST’s. Não há como abrir mão de uma questão de saúde pública em prol de uma posição conservadora da instituição católica. Esses fundamentos religiosos se adequavam em uma época que os jovens não tinham tanto contato sexual, que os adultos tinham parceiros para a vida toda e que a promiscuidade era em proporções menores, o que não se parece em nada com o contexto atual.
Sobre a eutanásia:
A eutanásia é a prática pela qual se abrevia, sem dor ou sofrimento, a vida de um enfermo incurável.
Quem argumenta a favor da eutanásia, acredita que esta seja um caminho para evitar a dor e o sofrimento de pessoas em fase terminal ou sem qualidade de vida, um caminho consciente que reflete uma decisão informada.Uma defesa que assume o interesse individual acima da sociedade que, com suas leis e códigos, visa proteger a vida. A eutanásia não defende a morte, diretamente, e sim a opção pela mesma por parte de quem a concebe como melhor opção ou a única.
Por trás dessa escolha, são levados em conta todos os fatores (biológicos, sociais, culturais, econômicos e psíquicos) de forma a assegurar a verdadeira autonomia do indivíduo que, alheio de influências exteriores à sua vontade, certifique a impossibilidade de arrependimento.
Nesse sentido ao condenar ostensivamente a prática da eutanásia, a Igreja Católica impede que os indivíduos sequer pensem nessa hipótese. A dor, o sofrimento e o esgotamento do projeto de vida, são situações que levam as pessoas a desistirem de viver. A questão deveria ser tratada muito mais como livre arbítrio do que como conceitos dogmáticos e generalistas. Se é verdade que a eutanásia abrevia uma privação desnecessária, não seria papel da Igreja deixar essa questão para ser resolvida na indivualidade?
O fato é que a autonomia no direito a morrer não é permitida em detrimento das regras que regem a sociedade,e endossadas por discursos conservadores como os do papa Bento XVI, por outro lado a obrigatoriedade e a submissão às leis prolonga uma situação, que em todos os aspectos acaba por custar um preço elevado, desgastante para quem vive em meio a esse fogo cruzado.
Fernanda Abrão e Natalia Guaratto
domingo, 13 de maio de 2007
Roteiro para leitura
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Virada Cultural
Neste sábado, 05/05, São Paulo viverá mais uma Virada Cultural. A maratona de 24 horas ininterruptas de atrações está na sua terceira edição, e ocorrerá em um ambiente bem mais tranqüilo que o do ano passado, quando o PCC aterrorizou a cidade uma semana antes do evento.
Das 18h às 18h, vários artistas se revezarão em palcos espalhados pela cidade. O centro contará com 5 grandes palcos temáticos, e cada região de São Paulo com mais um pólo de apresentações. Também participarão os CEU’s, as unidades do Sesc e museus, além dos estabelecimentos que aderirem à maratona.
Música, teatro, circo, cinema... Confira a programação (em PDF):
http://www.viradacultural.com.br/img/viradacultural2007_programacao.pdf
Aproveitem!!!
Rodrigo Simões
FILOSOFIA

Ludmilla Pazian
Alegoria da Caverna

Sócrates - Agora imagina a maneira como segue o estado das nossas naturezas relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa moradasubterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homensestão aí desde a infância, de perna e pescoço acorrentados, de modo que nãopodem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes osimpedem de voltar à cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina quese ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estradaascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro,semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si epor cima das quais exibem as suas maravilhas.
A Consciência da História: Gadamer e a Hermenêutica
Aproveitando a discussão promovida no mini-seminário sobre a Igreja Católica apresentado em sala de aula, que teve como ponto de partida recentes declarações do Papa Bento XVI, segue um artigo publicado no caderno Mais, da Folha de S. Paulo, em 24.03.02, por ocasião da morte do filósofo alemão Hans-George Gadamer, que influenciou a construção hermenêutica da obra de Leonardo Boff, também abordada no mesmo trabalho em grupo.
A Consciência da História: Gadamer e a Hermenêutica
Durante décadas, a obra concentraria a discussão filosófica na Alemanha: Ela primeiramente foi recebida como uma contraposição às ciências do espírito que interpretaram mal a palavra "compreender" como método. O livro tinha por objetivo apresentar o compreender do intérprete como fazendo parte de um acontecer que decorre do próprio texto que precisa de interpretação.
O que estava em jogo era o fato de que as ciências históricas do espírito tinham estremecido a confiança da filosofia numa razão que perpassa a história. Gadamer tinha compreendido a nova tematização do "tempo" em "Ser e Tempo" (1927), de Heidegger: se o tempo é o horizonte de toda compreensão, todas as teorias devem converter-se inelutavelmente em formações históricas, e isso afetara o núcleo da razão.
Gadamer percebera, pelo seu estudo dos gregos, da filosofia clássica alemã e da fenomenologia, que a tradição não podia mais se apoiar, num sentido filosófico relevante, nas interpretações metafísicas da razão. O diagnóstico da perda da possibilidade de um compromisso possível de nossas orientações fundamentais para a vida numa tal tradição leva Gadamer a introduzir a perspectiva hermenêutica.
Temos assim, segundo v filósofo, para substituir nosso apoio na metafísica, a perspectiva de os próprios participantes se empenharem na apropriação viva de tradições que os determinam. O ser humano esclarecido só tinha, como participante da tradição, uma interpretação das próprias condições históricas que, vindas da tradição, o determinam.
É assim que Gadamer se volta para o trabalho de encontrar o caminho para a consciência histórica, numa apropriação da tradição que preserve para esta a força do compromisso. Esse caminho a hermenêutica filosófica explora na crítica da falsa auto-compreensão metodológica das ciências do espírito. O filósofo pretende salvar a substância da tradição por meio de uma apropriação hermenêutica..
É assim que a filosofia hermenêutica de Gadamer encontra na força civilizatória da tradição a autoridade de uma razão diluída do ponto de vista da história efetiva. Gadamer, portanto, não traz de volta a metafísica nem mesmo uma ontologia salvadora; o que lhe importa é mostrar como a razão deve ser recuperada na historicidade do sentido, e essa tarefa se constitui na auto-compreensão que o ser humano alcança como participante e intérprete da tradição histórica. Se nós formos limitar a indicação dos motivos determinantes que estão presentes num tal estilo de pensamento, poderíamos encontrar as seguintes etapas: o diálogo e a dialética em Platão, a hermenêutica e o diálogo, a arte como paradigma da experiência hermenêutica, o estabelecimento das tarefas de uma hermenêutica filosófica e a universalidade da experiência hermenêutica e, por fim, a aplicação como momento do compreender, a hermenêutica como filosofia prática.
Gadamer afirma, na introdução de seu livro, o seguinte: "As análises que seguem começam (por isso) como uma crítica da experiência estética, para defender a experiência de verdade que nos é dada pela obra de arte, contra a teoria estética que se deixa estreitar pelo conceito de verdade da ciência. As análises, entretanto, não param na justificação da verdade da arte. Elas procuram antes desenvolver, desde esse ponto de partida um conceito de conhecimento e de verdade que corresponde ao todo de nossa experiência hermenêutica. Assim como temos que nos haver, na experiência da arte, com verdades que ultrapassam basicamente a esfera do conhecimento metódico, do mesmo modo algo semelhante vale para o todo das ciências do espírito, nas quais nossa tradição histórica é transformada também em objeto da pesquisa, em todas as suas formas, mas ao mesmo tempo ela mesma passa a falar em sua verdade. A experiência da tradição histórica ultrapassa fundamentalmente aquilo que nela é pesquisável. Ela não apenas é verdadeira e não-verdadeira, no sentido sobre o qual decide a crítica histórica - ela medeia constantemente a verdade na qual importa tomar parte".
Portanto "Verdade e Método" fala-nos de um acontecer da verdade no qual já sempre estamos embarcados pela tradição. Gadamer vê a possibilidade de explicitar fenomenologicamente esse acontecer em três esferas da tradição: o acontecer na obra de arte, o acontecer na história e o acontecer na linguagem. A hermenêutica que cuida dessa verdade não se submete a regras metódicas das ciências humanas, por isso ela é chamada de hermenêutica filosófica. É desse modo que Gadamer inaugura um lugar para a atividade da razão, fora das disciplinas da filosofia clássica e num contexto em que a metafísica foi superada.
Mas, apesar de a hermenêutica filosófica desenvolver-se numa perspectiva crítica da metafísica, ela apresenta uma pretensão de universalidade. Porém tal universalidade assume uma forma não dogmática, restando-lhe, portanto, uma universalidade que se move muito próxima da universalidade da crítica. Jürgen Habermas foi um dos primeiros a serem ' tocados pela pretensão de universalidade da hermenêutica.
Ele reconhece-lhe assim algumas características importantes: a) a hermenêutica é capaz de descrever as estruturas da reconstituição da comunicação perturbada; b) a hermenêutica está necessariamente referida à práxis; c) a hermenêutica destrói a auto-suficiência das ciências do espírito assim como em geral elas se apresentam; d) a hermenêutica tem importância para as ciências sociais, na medida em que demonstra que o do- mínio objetivo delas está pré-estruturado pela tradição e que elas mesmas, bem como o sujeito que compreende, têm seu lugar histórico determinado; e) a consciência hermenêutica atinge, fere e revela os limites da auto-suficiência das ciências naturais, ainda que não possa questionar a metodologia de que elas fazem uso;f) finalmente, hoje uma esfera de interpretação alcançou atualidade social e exige, como nenhuma outra, a consciência hermenêutica, a saber, a tradução de informações científicas relevantes para a linguagem do mundo da vida social.
Ainda que as observações de Habermas reconheçam aspectos da universalidade da hermenêutica filosófica, ele o faz, em contraste, com a pretensão de universalidade da crítica com a qual ele pretende atingir campos onde a hermenêutica filosófica não saberia trabalhar. Não é só por parte de Habermas que se ouvem essas críticas à hermenêutica filosófica, ela também é objeto de crítica da filosofia analítica. Esta vê na historicidade da linguagem e na pré-compreensão como condição de todo- discurso uma falta de recursos para examinar pretensões de validade dos textos que são interpretados ("Tugendhat").
Na medida em que a hermenêutica filosófica trabalha com o sentido, a analítica reduz a linguagem à unidade mínima que é o significado. Mas espíritos mais conciliadores se contentam em afirmar que a hermenêutica sem a filosofia analítica é cega e a filosofia analítica sem a hermenêutica é vazia.
Virada hermenêutica Gadamer nos deu, com sua hermenêutica filosófica, uma lição nova e definitiva: uma coisa é estabelecer uma práxis de interpretação opaca como princípio, e outra coisa bem diferente é inserir a interpretação num contexto - ou de caráter existencial, ou com as características do acontecer da tradição na história do ser - em que interpretar permite ser compreendido progressivamente como uma autocompreensão de quem interpreta. E, de outro lado, a hermenêutica filosófica nos ensina que o ser não pode ser compreendido em sua totalidade, não podendo assim, haver uma pretensão de totalidade da interpretação.
O filósofo produziu realmente uma virada hermenêutica do texto para a auto-compreensão do intérprete que como tal auto-compreensão somente se forma na interpretação, não sendo, portanto, possível descrever o interpretar como produção de um sujeito soberano.
Para encerrar essas considerações, convém ouvir o filósofo falando de sua talvez mais surpreendente afirmação: "Ser que pode ser compreendido é linguagem".
"É assim que sempre me esforcei, de minha parte, para guardar para o espírito o limite imposto a toda experiência hermenêutica do sentido. Quando eu escrevia: 'O ser acessível à compreensão é linguagem', importava ver, nessa fórmula, que o que é não pode jamais ser compreendido em sua totalidade. Em tudo o que uma linguagem desencadeia consigo mesma, ela remete sempre para além do enunciado como tal."
In Mais, caderno especial de Domingo da Folha de São Paulo, 24/03/02.
quinta-feira, 3 de maio de 2007
A CORUJA
Esta é minha opinião, e creio que irá gerar discussão até mesmo dentro de nosso grupo. Atingiremos, então, nossa meta. O Foco Filosofia é um espaço de debates, sobre qualquer assunto ou fato. Decidimos que cada um irá postar livremente, expondo seus pensamentos, sem apresentação prévia do tema ao grupo. Assim, tentaremos promover o embate de idéias entre nossos integrantes, os outros grupos e os leitores do blog.
Estaremos, assim, fazendo filosofia, e aprendendo a fazer jornalismo. O repórter só chegará o mais próximo possível da realidade comparando e defrontando fontes. As idéias só possuem verdadeiro valor quando debatidas e contrariadas.
“Toda unanimidade é burra” Nélson Rodrigues
Rodrigo Simões
quarta-feira, 2 de maio de 2007
De mudança...
Para que serve a FILOSOFIA
Para quem não tem a menor idéia dessas respostas e lembra vagamente do filósofo como aquele ser mitológico amante do conhecimento, é bom tomar cuidado. Filósofos modernos existem sim, mas eles andam se escondendo (talvez no fundo de uma caverna de Platão) dentro das universidades, atrás métodos, teorias, histórias e outros assuntos afins. Raramente eles dão as caras para analisar o mundo real, a fonte e a inspiração de seu conhecimento. "Ocorreu uma profissionalização de filosofia para além daquilo que seria necessário, uma especificação muito grande, com uma perda do todo, do real", explica o professor Paulo Ghiraldelli, livre-docente em filosofia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Mesmo que você não perceba, está a todo momento pisando em filosofia, seja nos filmes a que assiste, nos livros e jornais que lê e até na televisão. As análises diretas e indiretas de tudo são na verdade um exercício de filosofia, nas quais o conhecimento filosófico ajuda muito. "Não é à toa que a sociedade está buscando esse conhecimento fora da universidade, em cursos livres, debates e livros", acrescenta Ghiraldelli.
PENSAMENTO LIVRE
A filosofia é como uma ferramenta para o pensamento de base. " O filósofo é um livre-pensador que se desapega de seus preconceitos para compreender a realidade na sua diversidade e multiplicidade", explica Ricardo Monteagudo, coordenador no curso de filosofia da Unesp.
Se ainda assim é difícil entender para que serve essa tal filosofia, vale lembrar o quanto da nossa realidade nasceu de estudos filosóficos, por meio de questionamentos de ontologia (da ordem do que existe e porque existe), de lógica (para a organização do discurso, da matemática, do pensamento), sobre o conhecimento (o processo cognitivo e de aprendizado) e sobre a estática (não só do que apreendemos como belo e por que o fazemos, mas também aquilo que
entendemos como arte). A filosofia está à nossa volta.
GRANDES QUESTÕES PARA A FILOSOFIA DO SÉCULO 21
LINGUAGEM: Uma das grandes discussões da filosofia na atualidade é exatamente como conceituar o raciocínio. Do que se compõe a razão? O raciocínio? O pensamento? São perguntas que ficaram cada vez mais difíceis com o avanço da ciência. Nos últimos anos o debate em torno dessas questões trouxe à tona o papel da linguagem para caracterizar o raciocínio. "Nada mais de 'estudo da razão'. Toda discussão da teoria do conhecimento deve ser refeita baseada na linguagem e na comunicação", explica o professor Paulo Ghiraldelli.
ARTE: Parece uma questão irrelevante para a vida prática, mas diz muito a respeito da vida em sociedade. Desde a Antiguidade o mundo se questiona sobre o que, de fato, deve ser considerado arte. A discussão se acirrou com o surgimento, em diferentes momentos, do jornalismo, da fotografia, do cinema, da teledramaturgia, do design e outros. Ao que tudo indica essa confusão ainda deve crescer com novas e cada vez mais freqüentes fusões entre ciência, tecnologia e arte. E você? Sabe dizer o que é arte?
ÉTICA: Afora os problemas éticos que a ciência já está enfrentando na definição do que é a vida, quais os direitos dos animais e como evitar a quebra de privacidade que acompanha a tecnologia, um outro problema a ser pensado pela filosofia é o que é ser justo num mundo multicultural. Sendo a principal pergunta: como agradar ao senso de justiça dos dois? "A questão ética é como criar um código, para além do código liberal, que dê conta dessas nossas divergências sob um mesmo senso de justiça", explica Ghiraldelli."
Texto publicado na revista Galileu, em Agosto de 2005
Colaborou: MARIANE GUSAN