terça-feira, 21 de agosto de 2007

Milton Santos: o pensador do Brasil

Estreou no dia 16 deste mês o documentário “O mundo global visto do lado de cá” que revela a globalização a partir da visão de um dos grandes pensadores do Brasil, que infelizmente, ainda não é reconhecido como deveria. Milton Santos nasceu no dia 03 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, Bahia. Formado em direito, encontrou sua verdadeira vocação e paixão pela geografia. Estudou e deu aulas em diversos países e publicou mais de quarenta livros. Árduo combatente das idéias neoliberais e sua conseqüente e lastimável má distribuição das riquezas do mundo, Milton Santos faleceu em junho de 2001 aos 75 anos.

O documentário que foi muito bem construído por Silvio Tendler foi premiado em Brasília e esta em cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Ao assistir tal documentário a noção de que o mundo é dominado por idéias sujas e egoístas fica cada vez mais evidente e constrangedora. Dominado no sentido de que essas idéias estão na mente dos minoritários dominadores tornando-se ainda mais triste essa realidade, quase inaceitável. Nunca o mundo esteve tão preparado tecnologicamente para matar a fome de toda a sua população, porém o ideal de vida de alguns usurpa o ideal de sobrevivência de outros. E é dessa forma que essa globalização assola o mundo, os pobres agora morrem de fome e os ricos jogam no lixo tudo o que não agüentam comer. Existe governo que até dá prêmios para os produtores que produzirem menos quantidade de alimentos.

O mundo esta dividido em hemisférios, norte e sul tornaram-se referências de quem é desenvolvido e de quem não se desenvolve , do forte e do fraco, do explorador e do explorado. A cabeça do mundo parece não pensar por todos.
Diante dessa situação Milton Santos acredita que o mundo ainda pode ser melhor, vista de um outro modo a globalização serviria justamente para reverter essa situação de concentração injusta e que proporciona a cruel divisão de classes. Filme imperdível e que com certeza causará maior impacto em nossas vidas do que o também lançamento “Simpsons”.

Acredito que seguindo o exemplo do mestre Milton Santos o Brasil também pode reagir aos descasos dos poderosos. Olhar o mundo de forma diferente, olhar as pessoas de forma diferente, não colocar á margem o que não é habitual. Apoiar e lutar por quem não vive como nós, essa é a dificuldade pois como diz Milton Santos “ A classe média não quer direitos, quer privilégios”.

Por: Amanda Fincatti

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Amanda, muito boa a dica mesmo!
Ouvi dizer que você sai desse filme com outra visão de sociedade.
E até acreditando que a mudança é possível. Acho que realmente estamos precisando disso.

Vou assistir certeza!

Beijos!

Daniella Cornachione disse...

Amanda, adorei sua postagem! O trabalho do Milton Santos é realmente incrível, devemos estudá-lo para que possamos ser não só melhores jornalistas como também pessoas mais conscientes!
bjaoo

Kleber Silveira disse...

Olá, tudo bem?
Sou professor de Geografia formado pela Unesp de Presidente Prudente onde o pensamento de Milton Santos é dominante. Apesar disso, nunca fui um leitor assíduo de suas obras, justamente porque havia um preconceito estabelecido de que Milton Santos escrevia de forma inacessível aos "leigos". No todo, isso não deixa de ser verdade. Hoje o que percebo que é impossível compreender nossa realidade sem que saibamos interpretar o pensamento de Milton Santos.
Percebo um vazio na sala de aula, como se falasse para as paredes, meus alunos não são simplesmente frutos de uma sociedade consumista, não são simplesmente consumidores, são também produtos, moldados, rotulados, sem sentido e sem conteúdo significativo. O que é mais cruel ainda, é perceber que poucas pessoas estão realmente empenhadas em mudar essa triste situação e, nem sempre as pessoas interessadas são meus amigos professores pois são comos os próprios alunos, frios, vazios, sem conteúdo significativo, moldados e rotulados pelo mesmo mercado, que ao mesmo tempo que produz mercadorias, produz pessoas em série, moldadas para terem desejos, vontades comuns, como se todos fossem iguais, em condições, em situações, etc. Repito, criam-pessoas suplérfuas, inócuas.
Chocante mesmo é ter lido Michel Foucault entender como funcionam os mecanismos de repressão, ver na escola diferente do que se lê, como um local de libertação, e constatar que na verdade, ele estava certo. A escola é como a prisão, o hospital de louco, visa educar corpos e mentes, exatamente como se vê no filme The Wall da Banda Pink Floyd. No final, todo mundo se torna mais um único tijolo da mesma muralha.
Desculpem amigos, mas isso é verdadeiramente um desabafo, nessas horas é melhor não controlar a emossão e deixar as palavras brotarem nas pontas dos dedos, como se fosse de forma automática.

O filme é excelente, pra quem não teve a oportunidade de assistir, vale muito a pena adiquirí-lo. Isso, eu o farei.

Kleber Silveira