quinta-feira, 28 de junho de 2007

Darfur e o mundo após Ruanda

Em 1994, quase 1 milhão de pessoas foram assassinadas em pouco menos de 4 meses, no genocídio de Ruanda, na África. A mídia só começou a dar notícias quando não havia mais massacre, mostrando os campos de refugiados em países vizinhos. A comunidade internacional assistiu impassível e está fazendo mea culpa até hoje. Na ocasião, a ONU foi acusada de negligência ao mandar forças de paz em contingente limitado, e muitos afirmam que ela só estava lá para salvar os estrangeiros não-africanos.
Pouco menos de uma década depois, estourou um conflito em Darfur, região do Sudão, também na África. Rebeldes começaram a atacar prédios governamentais e o governo iniciou dura retaliação, financiando uma milícia árabe que passou a aterrorizar os moradores da região. Este conflito já dura quatro anos e o número estimado de mortes supera os 400 mil. Cerca de 3,5 milhões de pessoas deixaram a região, vivendo em campos de refugiados. O mundo não fecha os olhos desta vez, mas também não faz muito para ajudar.

A mídia fala todos os dias sobre o número de mortos no Iraque, desde a sua invasão em 2003, e sobre as mortes no Oriente Médio em geral (Síria, Israel/Palestina, Líbano). Sobre Darfur, temos sorte se algo for publicado de 15 em 15 dias.

Intervenções
Os Estados Unidos não pretendem se envolver diretamente na África depois da situação na Somália em 1993, e se contentam apenas em cortar relações com o governo sudanês. O mesmo governo sudanês rejeita qualquer ajuda externa e diz que irá resolver a situação sozinho. A China tem sido cobrada a intervir, mas ainda não o fez porque é a principal importadora do petróleo sudanês e tem medo do governo de Cartum cortar esta relação.
Na última segunda-feira, o recém eleito presidente da França Nicolas Sarkozy chefiou uma Conferência Internacional em Paris sobre Darfur, com a presença da Secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e de representantes da Liga Árabe. Foi discutido o envio de tropas de paz da ONU.

O Sudão não foi convidado para a conferência e a União Africana recusou-se a participar, alegando que essa conferência quer apenas “chamar atenção”. Será que Sarkozy quer apenas parecer solidário e interessado para ganhar pontos com sua população e a comunidade internacional, ou realmente alguém fará algo logo?
Enquanto todos discutem o que fazer, temos um genocídio em curso.

Paulo Gomes

terça-feira, 26 de junho de 2007

Hay que ser utópico, pero sin perder la ternura jámas!" Haha

Em homenagem ao seminário que fizemos no dia 21/06, eu deixo:

"... somente aqueles que vêem o invisível podem realizar o impossível..." (Bernard Lown, Prêmio Nobel da Paz de 1985)

Uma das afirmações filosóficas de Einstein se revela, hoje, de fundamental importância: em épocas complexas, como a que tivemos nestes tempos modernos, a imaginação é mais importante que o conhecimento.

Bom, proponho que cada integrante do grupo escreva, em poucas linhas, quais foram suas impressões e as apreensões obtidas e vividas na apresentação.

Apenas me desculpem pelo trocadilho péssimo e mal feito do título! Haha

Daniella Cornachione

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Algumas impressões do flashmob

Mesmo não tendo dormido muito essa noite, não aguentei e fui conferir o flashmob marcado para ocorrer na Paulista com a Brigadeiro. Confesso que fiquei admirada - de uma maneira muito positiva - porque havia mais de 30 estudantes, todos esperando na calçada a chegada do meio-dia. Como eu estava sozinha, procurei algo para me distrair enquanto a hora não chegava. Como boa aspirante a jornalista me enfiei na banca que fica em frente ao semáforo. Depois de um tempo resolvi comprar uma revista, até para que o vendedor não me julgasse mal por ficar só olhando, foi quando ouvi dezenas de buzinas, aí não tive dúvidas: pedi licença dizendo que ia tirar uma foto e disse que voltaria! O vendedor confirmou a imagem de estranha e psicopata que ele já havia feito de mim, com certeza. Enfim, os alunos estenderam uma faixa extensa com os dizeres "DECRETOS INCONSTITUCIONAIS" e pararam o trânsito por alguns segundos. Isso aconteceu ainda mais vezes, mas não fiquei para ver quantas. Fiquei espantada pela falta de cobertura da mídia, vi apenas uma pessoa filmando e outra questionando os manifestantes.

Daniella Cornachione

terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma nova forma de mobilização

Já estamos acompanhando há um bom tempo a insatisfação provocada nos estudantes com relação aos decretos impostos no governo de José Serra. As manifestações de quem não está contente com a nova forma de organização que os decretos impõem às universidades não param. Desta vez haverá um novo ato e ao contrário do que se pensa não se trata de uma passeata ou de uma ocupação. Haverá na quinta-feira (21) algo chamado FLASHMOB, uma mobilização relâmpago que foi idealizada numa assembléia realizada no instituto de arquitetura da Unicamp. Segundo as palavras dos próprios organizadores, conforme o e-mail que está circulando no meio acadêmico:

"A idéia que surgiu na Assembléia da Arquitetura de terça foi a criação de um FLASHMOB, que é uma mobilização relâmpago, de duração de 5 minutos, que consistiria no fechamento das 5 principais avenidas da cidade do seu campus. No caso dos estudantes da Unicamp, por exemplo, rola em Campinas. Serão feitas 5 faixas, uma pra cada avenida, com um frase em cada uma, explicitando nossa insatisfação com os Decretos. Ao parar, uma galera sai panfletando nos carros um material simples e de fácil compreensão. A idéia é que a manifestação seja pacífica e silenciosa mesmo, e que tenha bastante presença da mídia, pra que fique bem claro que as três universidades estão, além de insatisfeitas, unidas!"

Na cidade de São Paulo a mobilização tambem ocorrerá. Através do site seguinte é possível obter todas as informações: http://www.contraosdecretos.cjb.net/

Mais uma vez os estudantes estão se organizando em busca de reconhecimento e participação política. Este tem sido um ano bastante conturbado na vida das universidades públicas, o que se espera é que ao menos tantos esforços tragam alguns resultados.

Mesmo não fazendo parte do ensino público fica a recomendação a todos de nós que tenhamos vontade de participar ou então a quem pretenda cobrir o fato. E com relação às greves e à ocupação parece que estão chegando ao fim. Espero que estejamos vendo a formação de uma nova juventude, muito mais politizada e menos alienada. O que ainda não é tão evidente, pois há muito caminho para ser percorrido.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto é fácil. Procure em sites de busca por "contra os decretos do Serra" ou similares. Existem inúmeros blogs e páginas que publicam e explicam as razões pelas quais os estudantes se posicionam contra os decretos. Assim como há tantos outros que defendem as ações do governador. No Estadão do último domingo (17) há algumas matérias sobre a ocupação na USP, como já era previsto, o conteúdo toma partido contra as atitudes tanto dos estudantes da Universidade de São Paulo como também de outros movimentos estudantis que existem atualmente.

Há também um vídeo feito por alunos da UNESP que procura explicar a situação e a posição dos estudantes contra os decretos:
http://video.google.com/videoplay?docid=2766804175625447712

Prometo ser as últimas linhas! Haha, mas este poema, apesar de simples, diz bastante:

"PRIMEIRO LEVARAM OS NEGROS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU NÃO ERA NEGRO
EM SEGUIDA LEVARAM ALGUNS OPERÁRIOS
MAS EU NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
EU TAMBÉM NÃO ERA OPERÁRIO
DEPOIS PRENDERAM UNS MISERÁVEIS
MAS NÃO ME IMPORTEI COM ISSO
PORQUE EU NÃO SOU MISERÁVEL
DEPOIS AGARRARAM UNS DESEMPREGADOS
MAS COMO EU TENHO EMPREGO
TAMBÉM NÃO ME IMPORTEI
AGORA ESTÃO ME LEVANDO, MAS JÁ É TARDE
COMO NÃO ME IMPORTEI COM NINGUÉM
NINGUÉM SE IMPORTA COMIGO"

Bertold Breetch


Daniella Cornachione

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cotas!!!!

Como é sempre bom um assunto polêmico, aí vai...
O assunto: Cotas para negros nas universidades públicas.
A pergunta: Até que ponto isso é justo? É Justiça social ou mais uma demonstração de racismo e segregação?
Há quem argumente a favor, falando que a classe social mais baixa contém maioria negra e, portanto, as cotas iriam dar maior oportunidade as classes menos favorecidas.
Mas então, a questão não seria "cotas para negros" e sim, "cotas para pobres".
A meu ver, as cotas para negros cometem o mesmo erro do passado. É, de certa forma, uma manifestação de racismo, só que com as posições invertidas. Agora, favorecem os negros e excluem os brancos que também precisam dessa oportunidade.
Já vi gente falando que os brancos devem isso aos negros.
Não acho coerente falar que pessoas, desta geração, devam pagar pelos erros de outras, de gerações passadas.
Acho coerente falar que o repeito tem que ser mútuo, seja qual foi a raça, etnia, crença................
Enfim, cotas para gente que precisa, eu acho certo.
Cotas para uma raça? Não.
Aguardo comentários, opiniões.....
Fernanda Abrão

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Greve de metroviários gera lentidão recorde do ano

Às 9h desta manhã a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou recorde de lentidão na capital, foram 172 km de congestionamento. O índice superou e muito a média para o horário que é de 84 km.

A realização da greve foi decidida na noite de ontem (13) pelo Sindicato dos Metroviários e a principal reinvidicação é por melhores salários. Não é preciso dizer o quanto uma greve como essa afeta o cotidiano paulistano. Muitas escolas e faculdades suspenderam as aulas pela manhã, inclusive a nossa Cásper Líbero. E novamente paramos pra pensar até que ponto a paralisação é válida, na medida em que os prejuízos ficam para os cidadãos, cerca de 3 milhões, que também trabalham e querem uma vida mais confortável. O dia-a-dia de um metroviário não é fácil, são 6 ou 8 horas de trabalho cansativo e repleto de riscos.

Dessa forma, cabe ao governo do estado e à empresa estudar as propostas do sindicato e colaborar para que a cidade volte a sua normalidade. Está marcada uma reunião para esta manhã, a previsão é de que o metrô volte a funcionar a partir das 11h após uma conversa entre sindicato e governo estadual. Espero que vocês tragam mais informações e comentarei aqui quando houver alguma mudança na situação.

Mais informações estão http://www.metroviarios-sp.org.br/, que é aliás um ótimo e colorido site.

Daniella Cornachione

terça-feira, 12 de junho de 2007

Só para descontrair


Nas últimas aulas de Teoria da Comunicação vimos o texto "A mensagem fotográfica" de Roland Barthes. Nele o autor fala da relação imagem e texto e dos processos de modificação de uma fotografia, seja por tecnologia ou simplesmente por colocação de legenda e acompanhamento de texto.
Nesse sentido, já que até hoje esse blog só publicou textos, resolvi inovar um pouco e postar uma imagem descontráida.
Tenho esperança de que o blog não caia novamente na monotomia e no esquecimento, portanto já que temos muitos outros trabalhos para pensar essa semana, não vou propor nenhuma discussão sobre ética no fotojornalismo ou qualquer coisa do tipo. Proponho apenas uma enquete:

Qual a legenda vocês colocariam na imagem acima?

Quem postar a legenda mais criativa ganha um final de semana com o Sérgio Malandro!

Natalia Guaratto


segunda-feira, 4 de junho de 2007

A polêmica do aborto

Quinta feira passada (31/05), o Grupo Sardinha em Lata nos apresentou um mini seminário questionando o aborto. Levando em consideração a apresentação, gostaria de comentar a entrevista da Diretora para o hemisfério ocidental da Federação de Planejamento Familiar Carmem Barroso, autora do relatório “Morte e Negação: Abortamento Inseguro e Pobreza”, para o Jornal Folha de São Paulo, na qual defende uma estratégia ousada para reduzir a mortalidade materna decorrente dos abortos malfeitos.

Carmem considera mais sensato oferecer informações para as mulheres que querem abortar, como a possibilidade de levar a gravidez até o fim e entregar o filho para adoção, sobre os riscos do aborto e, até, como tomar o Citotec, droga utilizada para a interrupção da gestação (A entidade BemFam pretende começar o programa de redução de danos nos hospitais de Campinas, o que está sendo investigado pelo Ministério Público, já que o aborto no Brasil só é permitido legalmente em casos de estupros ou de risco de morte para a mãe).

No decorrer da entrevista, Carmem comenta sobre a atitude dos médicos no Uruguai, onde o aborto também não é legalizado: Se uma mulher uruguaia quiser realizar um aborto, ela vai até o hospital, onde uma série de exames é realizada para confirmar a gravidez. O médico informa sobre os riscos do aborto, mas também informa tudo sobre como tomar o Citotec (quanto e como tomar, efeitos colaterais, etc...). O médico não dá o remédio à paciente (ela mesma tem que comprar, já que o aborto é ilegal), mas dá todas as informações, o que, convenhamos, se torna bem contraditório. A desculpa é a de que existe um consenso no qual todos gostariam que existissem menos abortos inseguros, mas de qualquer forma,é um tipo de incitação ao crime.


Ludmilla Pazian